Google+ O Riso e o Siso: janeiro 2016

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Apresentação de standup

Ser professor é motivo de orgulho, até você ter que se apresentar:
-Oi, sou professor.
-Ta, mas o que você faz pra viver?

É duro, professor é muito desvalorizado, ganha muito mal. Tem até professor fazendo crediário no 1,99. O pior é que ele preencheu “professor” e eles negaram crédito. É uma vergonha professor abrindo crediário em 1,99. E ser negado só porque é professor! Eu não faço isso nem a pau. Já preencho logo “desempregado”.
Ser professor é quase uma profissão. Porque falta reconhecimento (pausa) ou melhor, faltava. Os professores municipais aqui pediam reconhecimento e o que o prefeito fez?
 Botou ponto digital. Pronto, você bota o dedo lá e é reconhecido pela máquina. Não tem erro.
Aí os professores estaduais também querendo reconhecimento, foram pra Paulista protestar. Apanharam e foram fichados pela polícia! Ótimo, agora tá todo mundo reconhecido.

Nossa situação é crítica. Nossa autoestima é tão destruída que uma vez passei uma semana no hospital. Eu fui acompanhar um amigo, mas tinha tanta gente mais ferrada que eu me senti ótimo. Não queria mais vir embora!
E olha que eu tenho medo de hospitais. Morro de medo. Sempre me dou mal. É capaz de eu passar na porta e me pegarem a força pra internar. Porque eu tenho anemia que nunca sara. É genética. Quando passo na porta giratória do banco, me barram e o segurança pergunta: tem ferro aí?
-Imagina, cara, eu sou anêmico!
Já fui até internado por engano. De verdade!
Hospital brasileiro é para os fortes! Até pelo convênio tá crítico
Fiquei doente e fui no hospital buscar atestado. Como é lento o atendimento! Peguei a fila:
-O que o senhor tem?
-Já faz tanto tempo que não lembro, doutor, mas agora to precisando de um emprego novo!

Fora que os caras nunca sabem o que você tem. É sempre virose. No SUS é assim: a palavra-chave é: 7 dias. Gripe? Aspirina e 7 dias que sara. Unha encravada? Aspirina e 7 dias que sara. Câncer? Aspirina e 7 dias que sara.
Você vai lá e eles te internam quando os médicos passam perguntam:
-O que ele tem?
-não sei.
-Então deixa ele aí, se não melhorar em sete dias a gente atende.
E o SAMU, que só faz remoção em situação de emergência. Mas eles demoram meia-hora pra chegar. Meia hora? Não existe emergência que aguente!
-Alô, é do SAMU? Eu liguei há trinta minutos e nada.
-A pessoa ainda tá respirando?
-Sim
-Então não era emergência... bota ele num taxi e manda pro hospital.
 Só que se você responder “não”:
-Então vou estar passando um procedimento de reanimação cardíaca.
A filosofia dos caras é: faça você mesmo.

Por isso que não consigo confiar no sistema de saúde, não consigo confiar em médico. Um dos maiores medos é mostrar o pinto pro médico. Se ele resolver operar minha fimose, ferrou. Se eu tenho 3 cm de pinto e 10 de prepúcio, é quase mudança de sexo.