Google+ O Riso e o Siso: 2012

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Conto macabro de Natal

Depois de muita prece, cartinhas, telegramas e indicação da ONU, Papai Noel resolveu visitar o Brasil. É que o clima lá tava estranho, todo mundo muito individualista, egoísta, competitivo. O país tava ganhando importância no cenário mundial - uns poucos lucrando com Copa e Olimpíadas e outro tanto contente por isso, enquanto passavam a perna no barraco vizinho por alguns centavos a mais na conta.
O fato é que numa reunião de alta cúpula, ou talvez alta cópula (porque, quando essa gente se reúne é pra nos foder) decidiram somar esforços para trazer Papai Noel. "Dá o que esse velho quiser, mas ele tem que vir pra cá, fomentar a esperança, estimular a fraternidade, enternecer-nos com o espírito cristão" - disse o manda-chuva. E foi feito!
Por piedade, benevolência, espírito cristão e cem mil dólares na conta, o bom velhinho aportou em terras de Pindorama, com um trenó mágico, algumas renas e uma anacrônica afetuosidade. O  modelito vermelho com bordas de pelo branco, completamente inadequado ao calor da terra, despertava comentários; dada a idade avançada, a pança e o serviço a ser prestado, ninguém botou fé: "Logo esse velho vai ter um treco", "Deve estar cozido embaixo dessa roupa", "imagina o futum". Todos profetizavam seu fracasso.
E por onde começar?
A alta cópula decidiu: vamos para o lugar mais carente, com as maiores mazelas, criminalidade, egoísmo, indecência e podridão. Por engano, indicaram o coração do Plano Piloto, mas logo o trenó voador, objeto voador não identificado, foi rechaçado pela FAB por voar em espaço aéreo restrito, sem permissão. É que a burocracia atrasou a licença para aquele trajeto, alguém não tinha recebido a propina.
Aconteceu do bom velhinho ser obrigado a descer em um lugar qualquer, perdido pelo caminho, mas incrivelmente semelhante ao destino proposto. Lugar vil, pessoas mesquinhas, vizinhança podre e competitiva, onde o mais certinho ali vendeu um rim da mãe pra trocar o Playstation. Era cada um por si e Deus por fora (nem Deus se metia naquele lugar: um condomínio de luxo). O trabalho seria árduo.
No dia 25 de dezembro ouviu-se a seguinte notícia:
Bandido vestido de Papai Noel é morto na noite de Natal.
Em meio às descrições detalhadas da ação do bandido e dos condôminos, depoimentos e testemunhos da ousadia do velho:
"Ele tava em cima do telhado, eu ouvi", disse um, "ouvi ele, era ele sim! Gritei pega ladrão!", atestou o outro, "Esse bandido, safado, asqueroso, tava andando no meu telhado, ouvi os passos dele, era perto da meia-noite, não deu outra, saí lá fora e mandei-lhe uma tijolada na testa. Ele caiu, rolou, tentou levantar, subiu no telhado do vizinho, que aliás é outro bandido filho da puta, até pensei que fosse ele. Daí já percebi que meu vizinho tava dentro de casa e também saiu com um pedaço de pau. A gritaria e a confusão chamou o resto da vizinhança pra fora". 
Foi uma perseguição brutal até altas horas da madrugada. Com paus e pedras na mão a vizinhança se uniu para linchar o invasor noturno. Serviço concluído com êxito! Papai Noel conseguiu unir a vizinhança!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um novo companheiro domingo a noite




Continuando com a quinta-feira de convidados, esse é um texto da Bia Tocci


Eu como uma recém-formada em Rádio e TV deveria estar louca pra sair por aí publicando e escrevendo histórinhas. De fato estou, mas não hoje. Como esse é um blog de humor, que o Américo me convidou pra colaborar (valeu! ) vou aproveitar e tentar falar um pouco sobre um programa de humor detestado por muitos e amado por outros tantos, que pra mim  não é nem o melhor e nem o pior, mas está a cada edição que vejo me conquistando mais apesar de tudo: o Pânico. Acreditem         
                Uns anos atrás eu não conseguia nem assistir uma edição inteira, achava sem graça e muito apelativo. Mas no final desse ano comecei a assistir por causa do quadro “Sabrina Precisa de um Companheiro”, já que um conhecido tava participando e eu (junto com meu namorado, o que me ajudou a continuar vendo) queria saber até onde ele iria. Acontece que ele foi eliminado logo na segunda semana, mas o quadro me conquistou e eu resolvi acompanhar, mas não sabia em que momento do programa ele iria passar, ou, se seria sempre no mesmo, então tive que começar a assistir o programa inteiro todos os domingos da minha singela vida.
                E entre um domingo e outro outras partes do programa foram me cativando. Eu nunca vi uma paródia de Avenida Brasil tão boa e engraçada como a Avenida Barril, é realmente SENSACIONAL. Isso sem contar The Voice e o Jornal do Boris com o melhor humorista do pânico – na minha humilde opinião – que é o Carioca! Até as brincadeiras sem graças com as panicats parecem que estão melhores, até me arrancam umas risdas e uns “aaai creedo!!”, “que nojo!” e um dózinho delas sofrendo com bixos nojentos ou outras peripécias.
                E o “Sabrina Precisa de um Companheiro” acaba semana que vem, eu to morrendo de curiosidade (isso não significa que eu não importe com outras coisas do mundo) de saber quem ela vai escolher e esperando as próximas imitações e paródias tão boas que tão difíceis de ser encontradas na tv brasileira, infelizmente.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sobre lobos e gazelas - A caçada...

purpurinada
A dupla estava empenhada em resolver a questão: ele era ou não era broxa?
Um fora-da-lei que se preze não pode ser broxa, não pode fugir da briga e não pode afinar a voz. E um bom companheiro de aventuras, um escudeiro não pode negar ajuda, nem quer ser coadjuvante de um zé ruela qualquer. Se for pra coadjuvar, que seja de um herói (ou O anti-herói, no caso), e que seja num enredo brilhante! Por isso tanto empenho em se descobrir se o "pistoleiro" negava fogo.
A primeira atitude foi repetir para si mesmo na frente do espelho:
-Você não é broxa, você não é broxa, você não é broxa...
A segunda, foi secar uma garrafa de catuaba e toneladas de paçoquinha. Porque naquele tempo não havia viagra.
E a terceira, foi buscar um pouco de amor de aluguel nessas "casas de tolerância", como se dizia antigamente, o que se mostrou inviável, pois nossos aspirantes a foras-da-lei ainda guardavam resquícios de moral pudica, implantados no subconsciente pelas reprimendas da avó e das tias assexuadas.
-Pô, ando meio sem dinheiro pra isso!
-É, eu também.
Foi o que se limitaram a dizer sobre o episódio. O alívio foi a argamassa para assentar esse segredo. Ninguém mais falaria nessa hipótese.
Mas o fiel escudeiro, como todo bom ajudante, se pôs a estudar o caso e buscar soluções:
-Claro, bicho! Minha vizinha! Pô...
-Cê acha que ela dá?
-Vai por mim! Aquela Zinha adora a curtição! Você só não vai rasgar o selo, porque ela já adorou a curtição com quase todos do condomínio...
Daí foi tudo combinado, apenas com uma recomendação:
-Toma cuidado com o irmão dela, o tipo é meio estranho...
Passado o dia combinado, o encontro dos dois foi ansiado para botar as novidades em dia.
-E aí bicho? Como foi? Deu tudo certo?
-Certo? Certo o caramba! Cheguei, bati na porta, me atendeu uma coisinha fofa, delicada, nada a ver com a que você me descreveu, mas já fui logo tascando um beijo na boca e passando a mão por todos os cantos, como você falou, fui arrancando a roupa, ela foi virando de costas, se esfregando em mim mas, quando fui passar a mão, percebi que ela tinha um pacote no meio das pernas, pô!
-Como assim cara? Aquela morena tem uma piroca?
-Que morena o quê? Uma branquelinha magrela sem sal.
-Ihh, caramba, então era o irmão dela! Falei pra você tomar cuidado que o cara era meio estranho!
-Que estranho? Como estranho? Achei que ele fosse torto, que fosse zaroio, manco, doido, sei lá, não que ele fosse viado, porra!
-Mas e aí? O que você fez? Deu pra sacar se o negócio funciona, ou você broxou?
-Porra, bicho, e você acha que eu tinha cabeça pra alguma coisa depois desse susto? Seu xexelento! Tô ficando com medo de você, pô!

Episódio Anterior <<<<                             >>>> Próximo Episódio

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Eu não acredito no google



A partir de dezembro, toda quinta-feira publicaremos um texto de um convidado...




Por Necésio Pereira

Antigamente, não muito antigamente, eu praticava algo muito interessante, chamava dialogo, uma espécie de método dialético instintivo.
Era assim:
Eu tinha uma dúvida sobre algo, qualquer coisa, então perguntava para alguém.
Essa pratica sempre rendia um bom fruto: eu conhecia pessoas.
Eu sentia que minha ignorância sobre um assunto era uma espécie de porta aberta para fazer amigos.
Quanto mais ignorava um assunto maior a necessidade de conhecer pessoas e conversar. Claro que dependendo do assunto, ficava sem graça de perguntar, mas era algo bobo, nada que me paralisasse diante de outro ser humano, afinal, como aprender algo sem ser pela troca amistosa de palavras, ideias ou impressões?
Bons tempos aqueles.
Sofro desse saudosismo, não sou velho, estou na casa dos trinta, sou bonito, inteligente e solteiro (contatos pelo blog – dispenso mulheres emocionalmente dominadas pela TPM).
Sinto saudades de perguntar a opinião de alguém sobre o tempo no final de semana, sobre qual o melhor caminho pra chegar à algum lugar, sobre o que significa essa ou aquela palavra, sobre qual é o dia do aniversário de alguém, o nome daquele autor, daquele livro...
Algumas vezes não estava nem um pouco interessado na resposta e sim na pessoa que me respondia. Era um jeito maravilhoso de fazer amigos e influenciar pessoas!
Hoje tudo esta diferente. Hoje se você tem alguma dúvida, sobre qualquer coisa, é simples: Google!
Acabou o espaço para o “eu acho que é...”, “na minha opinião...”, “Eu ouvi falar que...”
Hoje quando tenho uma duvida sobre alguma coisa, tenho vergonha de perguntar para o colega na baia ao lado no escritório, não é vergonha de ser ignorante, isso eu sou mesmo, tenho até certo orgulho da minha ignorância, só minha, mantida por anos de alienação e por um regime de vida bicho grilo que me impus desde a adolescência.
O que me deixa envergonhado é o olhar que o outro me lança, uma cara de intolerância, nessa hora me compadeço das minorias que sofrem preconceito, pior que preto viado é gente que não procura no google.
O preconceito é terrível, os danos psicológicos são irreversíveis, hoje, hoje mesmo, no dia de hoje eu não pergunto mais nada pra ninguém sem antes consultar o google e como no google tem todas as respostas, não pergunto mais nada pra ninguém.
E já que só consigo começar uma conversa perguntando algo sobre alguma coisa o resultado é só um: isolamento.
Mas não pense o leitor que sou do tipo que sofre calado. Não! Enquanto tiver voz denuncio o preconceito. Nem que para isso seja preciso me tornar um Martin Luther King dos excluídos da era digital.

Usarei a arma dos preconceituosos, sim vou a partir de agora escrever para um blog e quando alguém digitar por “Eu não acredito no Google” no google, lá estará minha voz, minha luta!
E sei que não estou só, comigo esta o pessoal da terceira idade que cata milho no teclado, os camponeses analfabetos, os cubanos, os chineses, os fetos e os espíritos de todos aqueles que morreram antes da invenção do pc.

É preciso dar um basta nesse preconceito!

E saibam que nós descrentes do deus google, vamos um dia tirar da cara do fdp que trabalha na mesa aqui do meu lado, esse sorrisinho prepotente de quem acha que sabe de tudo porque usa um site de busca!

Agora, vou voltar ao trabalho, ganhar muito dinheiro e quando for milionário vou contratar um exercito de hackers e ai....não existirá um único site confiável e as pessoas, todas elas, menos o babaca da mesa ao lado que será morto com extrema violência por mim, serão obrigados a conversar e assumir que são ignorantes, tanto quanto eu.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sobre Lobos e Camparis - parte IV

queimando óleo
O fora-da-lei estava agora num bar. Bebendo. Arrastou consigo a desolação de ter surrado oito moças sedentas de sexo. Ele, um transgressor contumaz, não podia ter perdido essa chance. Porque naquela época, se havia algo subversivo, era deflorar mocinhas inocentes. Isso sim era motivo de maldizeres. Ele disperdiçou uma chance de escandalizar!
Tocava Roberto Carlos na Jukebox,
"Eu sou terrível / E é bom parar / De desse jeito / Me provocar"
porque quem era mau, quem não prestava, quem fazia as avózinhas fecharem as janelas e as sogras torcerem o nariz eram os cabeludos, de calça boca-de-sino e camisa agarrada, que ouviam iê-iê-iê. Esses não prestavam!
Seu companheiro chegou:
-E aí, bicho, que dureza, hein? Qualé o plá?
Só na gíria, porque, naquela época, quem falava corretamente num bar ou era viado ou tava tentando...
-Dureza? Que dureza? Não me fale disso, que tô num bode.
-Eee! Calma lá, que grilo é esse? É por que você broxou?
-Broxou? Quem broxou? Eu não broxei não, meu chapa. Já te falei, baixei o sarrafo na meninada. Não sabia que o que elas queriam era...

-Uma transa! Elas queriam uma transa e você não foi porque broxou!

"Estou com a razão no que digo / Não tenho medo nem do perigo /  Minha caranga é máquina quente / Eu sou terrível"
-Para com esse papo furado.
Os dois ficaram quietos por um tempo e a música preencheu o espaço na mesa.

"Você não sabe / De onde eu venho/ O que eu sou / E o que tenho / Eu sou terrível / Vou lhe dizer / Que ponho mesmo / Pra derreter"... Logo começou O Tremendão...

-Será que eu broxei?
-Espera que eu vou buscar um Campari e a gente vai encher o caco...
-Será que eu sou broxa?
O amigo voltou com alguns copos cheios de vermelho e outros cheios de transparente. Cachaça! Eles iam se matar de tanto beber...
-Bicho, essa é daquela que matou o guarda? - pegou um copo do líquido transparente e virou! Depois outro e mais outro, e a careta no final de cada dose ia ficando mais distorcida, mais dolorida -Vou virar até morrer!
-Irmãozinho, vai com calma que isso aí é água!
-Água? Que é isso cara? Assim você acaba comigo... Já tem gente me chamando de broxa, você ainda me traz água?
-Ninguém te chamou de broxa! Fui eu.. tava brincando...
-Mas cara, eu acho que eu sou mesmo...
-O quê? - o som da Jukebox estava, agora, mais alto e eles não conseguiam se ouvir. O que você falou?
-Que eu acho que sou broxa...
-Não tô te ouvindo. Essa merda ta muito alta...
-Eu sou broxa!
O som cortou no exato momento da confissão. O silêncio no bar fez os olhares pesarem sobre os dois. Sem nem respirar, o fora-da-lei-com-disfunção-erétil engoliu seco, moveu os olhos para os lados e emendou:
-Quando ele falou isso, meu irmão... Dei-lhe um safanão e respondi, potaqueparéu, que é isso? Tá louco? Sai de perto, bicho, vai tomar catuaba com amendoim...

Episódio Anterior <<<<                         >>>> Próximo Episódio:

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sobre Lobos e Camparis - parte III

igual ao bruce lee
Depois de discutirem sobre ser ou não ser coroinha, pagar ou não pagar as contas, sentir ou não culpa, a dupla resolveu se separar. "Cada um para um lado e não se fala mais nisso". Um seguiria sua vida de aspirante a fora-da-lei, e o outro nunca seria, jamais seria... O fato é que um voltou pra casa e o outro caçou encrenca.
Estava "encerando a pista" com sua mini-yamaha, formando filas de carros atrás dele feito um funeral, intoxicando pessoas e animais por onde passava, com a assinatura do motor dois tempos, quando se deparou com uma kombi no acostamento. Cerca de oito moças estavam ao lado da kombi com cara de tédio, e esse anti-herói resolveu sacanea-las: "Essas meninas são quase crianças, vai ser moleza dar um golpe. Vamos ver se elas têm algo de valor".
Encostou logo à frente, veio andando firme, inflado, quase um baiacu, pra mostrar poder.
-Boa tarde, meninas! O que está acontecendo? Precisam de ajuda?
"Não tem um adulto", pensou. "Fácil, fácil eu passo a perna nessas meninas".
Elas foram se aproximando, medindo-o de cima a baixo e cercando. Logo explicaram que vinham de um internato, colégio só de meninas, tinham entre dezessete e dezoito anos, saiam de excursão e a porcaria do carro quebrou. A professora foi buscar ajuda e deixou a aluna mais velha tomando conta das outras.
-Certo, vamos ver se posso ajudar.
Passou olhando pelas janelas da kombi, se achava algo valioso, fingindo ir consertar o motor. Tentava disfarçar para que não percebessem. Arrumou uma desculpa para olhar dentro do carro. As meninas o seguiam com os olhos. Ele ensaiava uma rota de fuga enquanto percebia carteiras, bolsas e câmeras sobre os bancos. Qualquer passo em falso e o clima ia esquentar. A possibilidade de um pouco de ação finalmente estava ali. A adrenalina jorrava nas veias.
Mas repentinamente, percebeu a vigilância das meninas muito próxima. Elas o rodeavam e se aproximavam lentamente. Elas perceberam! Agora o pau ia comer feio! Eram meninas, mas eram oito contra um.
Ele estava tenso, coração acelerado, pupilas dilatadas, o perigo iminente o estimulava. Era assim que um fora-da-lei se sentia no momento de ação?
Rapidamente uma das meninas avançou sobre seu pescoço - jogo sujo! Isso é briga de mulher. Elas mordem, arranham e puxam cabelos... Traiçoeiras... - ele a repeliu com uma cotovelada certeira na testa e já sentia outra o agarrando pela lapela, outra pelo pescoço, outra pelos cabelos. Num giro digno de Jackie Chan, soltou-se das ameaças, aplicou-lhes rasteiras, socos e pontapés. Ia derrubando uma a uma no acostamento da rodovia, estampando-lhes hematomas pela cara e arrancando gemidos terríveis de dor.
De tão violenta a reação das moças, o rapaz saiu pulando os corpos caídos, montou na moto e fugiu acelerando ao máximo sem nem olhar para trás... acabou deixando os pertences intocados dentro da kombi e, pior, derrubou a carteira durante a luta.
Só recobrou a consciência quando já estava em frente à casa do ex-companheiro. Assustado, tremendo, desceu da moto entrou na casa e contou que havia lutado brava e heroicamente contra assassinas frias e cruéis. Foi quando o ex-parceiro perguntou:
-Tá, mas e essa marca de beijo na sua gola?
Marca de beijo? Certeza? Não era mordida? Então quer dizer que elas não estavam lutando, elas queriam... potaqueparéu!

Episódio Anterior <<<<                                     >>>> Próximo Episódio


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sobre Lobos e Camparis - Continuação

Acima da moto, o sol forte ardia, o vento acertava o rosto com violência. Os dois aceleravam suas motos ao máximo. Esticavam o cabo do acelerador exigindo toda a potência... enquanto uma fila de veículos surgia, lentamente, por entre a fumaça dos motores dois tempos, e os empurrava a buzinadas.
A estrada de mão dupla era traiçoeira -e a imagem ao lado é meramente ilustrativa. Os dois foras-da-lei sabiam disso.
Cada carro que se aproximava sinalizava e eles retribuíam. Agora eram bandidos com fã-clube? Até perceberem que, na verdade, mostravam o dedo do meio e mandavam sair da frente.
-Que merda, aquele bebê me mandou tomar no cú!!
"Gente invejosa", pensava o líder. Se estava de moto era pela liberdade, e liberdade ele tinha de permanecer no meio da pista também!
Contudo, uma coisa estranha fisgou sua concetração. O sol refletia em cada detalhe cromado dos carros, fazia subir um calor insuportável do asfalto, mas nessa hora seu corpo gelou. Pelo retrovisor direito percebeu um fusca vermelho se aproximando rapidamente e, ao volante, a balconista enganada.
-A maldita não sabe ler, mas sabe dirigir?
"Desgraçada! Ela está vindo atrás do restante do dinheiro. É claro que uma dose de Campari não podia custar igual a uma cachaça!", ele pensou.
O coração disparado fazia a cabeça girar... Ou seria o Campari sem gelo?
O carro passou buzinando pedindo passagem; o coração quase pulou da moto e caiu no acostamento. Na passagem ele percebeu o engano: era um homem ao volante. Tudo bem, talvez ninguém tenha percebido nada.
Pouco tempo depois, para sua agonia, um caminhão se aproximava. E, dessa vez, o espelhinho retrovisor direito deu a certeza de que era a analfabeta ao volante. "Diabos! Essa mulher não desiste? Me perseguindo de caminhão? Dar golpe em pobre é perigosíssimo. Essa maluca vai me matar por uns trocados?".
O pavor tomou conta, cogitou parar, pedir desculpas, ajoelhar, dizer que nunca mais faria aquilo. De quebra, pagaria uma garrafa inteira de Campari. As mãos suadas deixavam a aceleração diminuir, os braços tremiam a roda da frente, tanto que quase ziguezageava na pista. O vento do caminhão o jogou no gramado do acostamento. Seu parceiro só percebeu o sumiço uns dois quilometros à frente. Rapidamente, retornou para socorrê-lo.
O susto foi gigantesco, mas nada grave. Ele estava sentado no gramado com as mãos apoiando a cabeça. Apenas ganhou um colorido verde na jaqueta de couro e na lateral da mini yamaha. Ele mal conseguia parar em pé de tanto que tremia.
-Maneiro, agora você tem uma jaqueta camuflada! - tentou aliviar o parceiro.
Mas o outro dizia coisas sem sentido. Tentou levantar e andar. As pernas bambas derrubaram-no de lado. Percebeu, na passagem do caminhão, que não era mulher quem dirigia, e mesmo assim estava resoluto em voltar e pagar a diferença, pedir desculpas e tudo que fosse necessário para livrar-se dessa maldição.
O fiel companheiro compreendeu a gravidade da situação e tentou acalma-lo:
-Está tudo bem! Não saímos devendo nada. Eu vi que ela não tinha cobrado direito. Paguei a diferença da dose e ainda deixei uma boa gorjeta pra ela - falou sorridente, esperando eliminar a culpa do colega.
-Você o que? Maldito infeliz!
E ele todo cheio de orgulho:
-Isso mesmo. Eu acertei a conta! Fica tranquilo! Não vamos precisar voltar...
-Mas que merda! É só eu me virar e você já faz uma besteira dessas? Você não entendeu nada mesmo. Vai ficar atrás de mim dando uma de coroinha? Você tem que ser mau, ou nunca será um fora-da-lei como eu.

  Episódio Anterior <<<<                        >>>> Próximo Episódio



segunda-feira, 26 de novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sobre lobos e Camparis

yamaha cinquentinha
Foi assim, quase como uma cena de faroeste. Só que sem cavalos. E no lugar de cavalos, motos. Só que também sem armas. E no lugar de armas, a língua afiada. E também sem aquele capinzinho voando atravessando a rua. Se bem que era um lugar tão estranho que era capaz de ter, sim, esse capinzinho!
Bom, o caso é que o cenário era meio em sépia, e tinha um ar de velho-oeste, no interior de São Paulo.
Os dois chegaram em suas motos. Que na época eram mini-yamahas, de cinquenta cilindradas. Tudo bem, eu sei que cinquenta cilindradas é algo broxante... Praticamente uma enceradeira com rodas. Mas era "A Enceradeira"! E, para a época, local e personagens, era o melhor que se podia arrumar.
Eles chegaram de longe, quer dizer, não tão longe, mas a velocidade era baixa, então a viagem demorou uma vida. Traziam no corpo o pó da viagem, porque na época era o único pó que se carregava. O de café ficava em casa. Estavam sedentos por novas aventuras, por novas paisagens, e por uma dose de Campari. Porque naquele tempo não havia bafômetro.
Estacionaram suas motos na porta do bar, não colocaram cadeado, porque naquele tempo e naquele tipo de cidade não era necessário, o barulho e a fumaça dos motores dois tempos calaram a clientela e eles entraram arrastando consigo os olhares.
O clima estava hostil. "Finalmente, um lugar onde me sinto em casa", murmurou um deles. Sabiam, pela experiência, que não poderiam fraquejar. Estavam ali, naquela vizinhança pacífica, mas a qualquer hora uma briga violenta e generalizada poderia se desenrolar. As mesas repletas de casais e crianças eram apenas disfarce. "Encenaçãozinha barata", pensou o outro. Fizeram cara de mau, andando com pernas e braços arqueados para dar impressão de mais músculos. Aquela cara de mau faria qualquer um tremer. Cara de bandido mesmo, daqueles que bebe leite no bico e bate na mulher por esporte. A Suzana Vieira teria se apaixonado.
Para eles, no fundo, essa cidadezinha pacata e sem crimes era um poço de maldades e violência, pronta para explodir. "E explodiria na cara de quem menos esperasse", alguém pensou em voz alta.
-Oi, desculpe, como é? O que você disse?, perguntou a balconista.
-Hã? Eu? Eu não disse nada. Não disse nada. Você falou alguma coisa?, virando-se ao parceiro.
-Não, nop, eu não, nadica de nada.
-Posso lhe servir em algo?, retrucou a balconista.
Aquela dissimulada! Quem era ela para se portar daquela forma inquisidora? A odiosa mania de te cercar com perguntas e induzi-lo ao erro. Não se deixariam vencer pelo tom amigável da sua voz.
-Me vê duas doses separadas de Campari.
-Não tem.
-Você sabe o que é Campari?
Ela balançou a cabeça. Ele apontou para uma garrafa empoeirada no alto da prateleira.
-Quanto é?
-Ah, não sei. Deve ser o preço da cachaça, né?
Como assim? Um Campari com preço de cachaça? Essa mulher é insana? Aí tem...
-E quanto é a cachaça?
Ela apontou, acintosamente, para a placa de preços.
-Mas ali tá em Cruzeiro! Essa placa é do tempo do Getúlio Vargas!
-Ah, desculpe, é que eu não sei ler direito. Só estou tomando conta um minutinho para o seu Felizbino que foi alí buscar mais gelo.
Ótimo, ia ser Campari sem gelo, pra sangrar a garganta seca, e o preço errado. Mas aquela matreira não os enganaria... aquela desculpinha de que não sabia ler e aquele sorrisinho no rosto não seriam emboscadas. Os dois descofiavam de rabo de olho. Ela foi chamada para cobrar as doses. Eles desconfiavam dos cálculos, antes mesmo de serem feitos. Cobrou mesmo como duas doses de cachaça, talvez mais barato, até.
Os dois "foras-da-lei" saíram do bar montaram em suas motos e retomaram a estrada para mais aventuras. A consciência pesada por terem enganados uma analfabeta... Esse mundo era mesmo o mundo-cão...

Clique aqui para a continuação...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Escalada da Violência: Nova modalidade Olímpica

We want you!
Mais uma madrugada sangrenta no estado! As empresas de caixão não estão dando a mínima... são todos corpos não identificados, de fugitivos ou viciados. Não tem gasto com enterro... Aliás, a população também não está muito ligada... Só tá contente que o colete à prova de balas está em promoção. E ouvi dizer que vão lançar uns modelos com logo da Coca e da Nike pra Copa! Inclusive vasaram na net, algumas fotos dos modelitos:
modelo para a classe C
modelo para a classe C



Esses são os modelos para a classe C! Os ricos estão esperando modelo, Calvin Klein, Hugo Boss e Louis Vuitton.
O Neymar já encomendou o dele!
O Ronaldo também já encomendou o colete dele. Tamanho Plus Size, sob medida.
Colete sob medida para Ronaldo
Mas ele encomendou só pra se exibir mesmo. Ele é corinthiano, não tá preocupado com a violência. Ele não é assaltado! Nem sofre com flanelinhas porque eles não alcançam helicóptero! Só se comprarem um Jet Pack. Nada disso é prioridade pra ele. Só os Estádios!
Só não dá pra dizer que é sempre a mesma coisa, que toda noite é igual, porque não é. Para não ficar repetitivo, os assassinos estão variando o número de mortos. Numa noite é 12, na outra 14, depois volta pra 12, fica nessa faixa. Engraçado é que nunca o número é 13! Acho que é pra não fazer campanha pro PT.
-Chefe, a notícia que vai sair na mídia hoje é de 13 mortos.
-13? 13, não, bota 12 e diz que um tá em coma... a gente conta esse amanhã...
Não! Não dá pra aceitar ajuda, nem divulgar o número da sigla dos caras!
Deu a notícia em vários jornais, até no Fantástico, do vídeo dos policiais prendendo um caboclinho que apareceu morto logo depois. No B.O. dizia que o corpo tinha sido encontrado numa viela, mas a mídia não entendeu. É que o B.O. é padrão. Não tinha como mudar a história: Pra facilitar a vida na hora de fazer o boletim de ocorrência, o governo preparou um modelo que é só preencher as lacunas. É muito mais agilidade. Acho que dá até pra fazer no Poupa Tempo!

E, para as Olimpíadas do Rio, em 2016, já estão estudando inserir novas modalidades como "Escalada da Violência", "Nado Costas em mar de sangue" e "Arremesso de Bala Perdida".

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Adoniran me perdoe...


Acabou o dinheiro e foi enxotado do bar. Passou só para tomar uma dose, pois estava liso. Caminhava lá pelos lados do mercado, carregando uma sacola, quando percebeu uma movimentação no entorno de uma casa. Aproximou-se. O que havia? Inteirou-se do assunto: era um velório. "A Iracema! Lembra dela?". Não conhecia a Iracema. "Foi atropelada". Que estúpida a Iracema. "Ela trabalhava ali na rua das fábricas". Nããã, nada, nenhum resquício de memória. Iracema era uma desconhecida. Tentou fazer cara de pêsames, não conseguiu, cansou do teatro e já estava retomando o rumo quando uma ideia o iluminou. Parou, olhou para trás, buscou a janela. Isso! Velório em casa tinha sempre algo de comer e de beber. Salgadinhos para enfrentar a noite que se adensava, quem sabe um licorzinho para amenizar a tristeza...
Respirou fundo, preparou a cara de desolação e penetrou na sala. Andando cabisbaixo talvez ninguém o perceberia. Foi interpelado umas duas vezes. Tentou parecer íntimo da defunta. Errou o nome! Meu Deus, Irene? De onde saiu esse nome? Qual era mesmo o nome da infeliz? Já ensaiava uma rota de fuga quando um comentário ao lado o trouxe de volta: "Como a Iracema tá elegante no caixão!". Pronto! Iracema, Iracema, Iracema, não posso mais esquecer - ele repetia. Enquanto cruzava com bandejas de paezinhos com carne moída, e garrafas de licor e conhaque, enfiava na boca o que conseguia. Seguia em direção ao caixão. Já se sentia à vontade para arrastar uma cadeira e se instalar na cabeceira. Àquela altura a morta lhe pareceu bonita. Pensou em ampliar suas emoções.
-Talvez se eu parecer realmente íntimo, até melhore o tratamento. Vão querer me consolar, me servirão sentado. Quem sabe as melhores bebidas da despensa para aplacar minha dor... - pensou.
Passou a conversar com a falecida:
-Iracema, já há alguns dias eu vinha te procurando, Iracema! O que aconteceu, Iracema?
Repetia o nome dela no final de cada frase para dar ênfase ao desespero...
-O que eu vou fazer da minha vida sem você, Iracema?
A fala chorosa; as pessoas iam parando suas conversas para atentar ao sofrimento do homem.
-Como você foi me fazer uma coisa dessas, Iracema? Sempre te pedia para ter cuidado pela rua, Iracema! E agora? O que eu faço, Iracema? - ergueu a sacola como se mostrasse para ela - Só me restou isso de você, Iracema! Isso e a conta do sapateiro, Iracema, a conta do sapateiro...
A platéia aumentava, ele já se candidatava ao Oscar. A língua, meio pesada de bebida, criava vida...
-Iracema, faltavam vinte dias para o nosso casamento, você atravessou a São João, veio um carro, te pega e te pincha no chão. Você foi para Assistência, Iracema. O chofer não teve culpa, Iracema - e completou no auge, aclamando piedade dos demais - Paciência, Iracema, paciência.
-Meu senhor, deve haver algum engano. Acho que está lamentando pela pessoa errada. A Iracema se matou, não foi acidente. Ela se jogou na frente de um caminhão. Morreu mortinha, na hora, não teve nem chance de resgate.
-Sim, claro, eu sei, mas é que, como noivo, fica difícil aceitar que ela estava passando por um momento ruim...
-Momento ruim? Com certeza há algum engano. A vida inteira a coitada sofreu. Sempre rejeitada, se rejeitando, passou a vida economizando para a cirurgia, quando finalmente ela vai resolver seu problema vem um canalha de um médico charlatão e leva todo seu dinheiro...
-Pois é, eu sei, boa parte do dinheiro fui eu que ajudei, mas estou sofrendo tanto por ela que nem pensei nisso... a gente se amava tanto... claro que eu estaria ao lado dela para resolver esse problema de saúde...
-Problema de saúde?
Todos começaram a rir no velório. O falso noivo, numa mistura de susto e indignação forjada quis saber o motivo da zombaria.
-Não havia problema de saúde, nenhum. A Iracema nasceu João, ela queria era fazer mudança de sexo!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dialética doutor-paciente



Agora vai aquela do português... não, não, esse blog não é de piadas! É de coisa séria. Se querem piadas, recomendo o site da Veja...

Ele estava deitado no divã, havia uns quinze minutos, em silêncio. O analista olhava fingindo interesse. Tentava algumas perguntas sem êxito. O cara estava completamente calado. Quer dizer, ele soltava uns gemidos de agonia de vez em quando.
-Você não quer me dizer qual é o problema? Talvez possamos pensar em algo juntos.
-Não sei, doutor, acho que o problema é simplesmente falar. Eu falo as coisas, repito, grito, xingo, berro e ninguém me escuta. Já postei no twitter, já falei no facebook... sempre deixo comentários nos blogs desses jornalistas idiotas, comunistas.  Ninguém quer saber a verdade sobre os fatos.
-Verdade sobre quais fatos?
-Esse país, está todo errado. Esse pessoal não quer saber do que se passa, só estão preocupado se a Carminha matou o Max, ou se o Corinthians vai ser campeão. Ninguém vê que são todos ignorantes, manipulados.
-Todos são ignorantes e manipulados?
-Claro! Olha só! Se fossem mais atentos, se lessem mais, estudassem mais, teriam uma vida melhor, fariam negócios melhores, trabalhariam mais, saberiam escolher os políticos, o país não estaria tão mal.
-Você acha que deveriam estudar mais para trabalhar mais?
-Claro. Trabalhando mais, você ganha mais. Logo, não precisará mais trabalhar. Mas ninguém mais quer trabalhar porque o governo dá tudo. Esse bolsa família...
-Hum, você acha que o bolsa família está deixando os pobres preguiçosos?
-Claro, lá na minha chácara tem uma fossa. Ningém quer limpar! Tenho que contratar uma firma especializada que me cobra os olhos da cara! Já já terei que vender um rim pra pagar a limpeza! Prá quê? eles vão lá com um caminhãozinho colocam umas máquinas para trabalhar e pronto! Já querem sua alma...
-Certo, e esses pobres que não querem limpar sua fossa, não sabem escolher os políticos...
-Claro! Eles votam nas pessoas erradas. Nesses populistas que dão migalhas pra eles. Não percebem que é a classe média é o verdadeiro motor desse país. Não vêm que sem classe média não haveria arrecadação pra pagar o bolsa família. Que temos que fazer a economia crescer. A economia tem que girar. Só assim gera lucro e cria emprego, gera renda. Não esses programas assistenciais... Eles acreditam muito nesse discursinho marxista de burguês e proletariado... tá mais que claro que isso não existe. A sociedade é como um organismo e todos têm que se ajudar. Fazer o bolo crescer pra depois repartir...
-Bolo? A sexta maior economia do mundo? Você acha que ela deve crescer mais para depois haver melhor distribuição de rendas?
-Claro! Tem que ampliar a classe média. É ela quem paga as contas do país! Marx era tão burro que não via isso...
-Marx não falava de classe média?
-Não, pra ele a sociedade se dividia nessas duas classes. É uma burrice sem tamanho. Dizia que o capitalismo concentra renda, acabando com a classe média... Olha nós aqui, como estamos sobrevivendo há séculos, em franca expansão...
-E os pobres sem educação acreditam no Marx?
-Acreditam...
-Aqueles que não leram, não estudaram, acreditam no que está escrito num livro?
-Pois é... mas não é tão simpl... Doutor, já é o terceiro comprimido que vejo o senhor pondo na boca...
-Não, fale mais sobre ter que trabalhar bastante para se tornar classe média...
-Não doutor, acho que já estamos bem...
-Estamos? Me diga sobre como eles escolhem errado o político que toma medidas de compensação social e redistribuição de renda...
-Doutor, isso não é balinha, doutor... vá com calma...
-Eu tô bem... só estou tentando entender melhor seus conceitos... Você dizia que o bolsa família de R$230,00 sustenta os pobres e eles não querem mais trabalhar... e que você tenta conscientizá-los pela internet...
-Perdeu alguma coisa? Tá procurando o quê? Você já foi até a estante e voltou umas dez vezes, doutor... Tô achando que há algo errado com o senhor...
-Ah é? você acha? quer me dizer, agora, qual o meu problema, também? que tal me diagnosticar? parece que você é bom nisso!
-Espera, calma, deita aqui doutor, vamos com calma... respira, solta, respira, solta... você dizia o que mesmo? qual era o seu problema?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mil visitas



Alcançamos a marca de mil visitas! "Ta, e eu com isso?" Foram praticamente 900 visitas nos últimos 2 meses! "Ta, e eu com isso?" Queria agradecer a todos que têm acompanhado o blog... estamos sempre abertos a sugestões e comentários... "Ta, mas 998 visitas foram você e sua mãe!" Bom, então agradeço às duas pessoas que entraram por engano na página e completaram mil! Muito obrigado!

José Serra em: Minority Report


Tá certo, quer dizer agora que o Serra quer que agentes da Fundação Casa fiquem nas escolas municipais monitorando os alunos? Eles vão identificar potenciais criminosos (!) e buscar ajuda para eles... Eles são bons em ajudar as crianças, né? Interessante. A molecada sai da Fundação Casa tranquila, livre, leve e solta, pronto para o mercado de trabalho e uma vida em sociedade... Nunca ouvi notícia de crime cometido por quem saiu da Fundação! Quando era FEBEM não. Sempre ouviamos que eles saiam cometendo mais crimes que antes de entrar...  Era um curso técnico pra molecada entrar no crime. Mas aí o governo PSDB mudou o nome e ficou tudo em paz! Aliás, ele vai resolver o problema da educação criando cursos técnicos... Mas por que será que não melhorou enquanto ele era governador? Aliás, a chusma dele tá aí há quanto tempo? Uns 500 anos? E ainda não resolveram nada? Vamos dar mais uns 500 para ver se conseguem...
E depois? Ele vai contratar o Tom Cruise pra uma delegacia PreCrime? Vamos prender as pessoas antes que elas cometam os crimes! É mais fácil do que mudar a sociedade... esse papo chato de sociólogo...
Daí poderíamos levantar uma cerca no país, separando potenciais criminosos de um lado, e potenciais vítimas do outro... quem não se enquadrar em nenhum que se vire. Só não sei onde ele entraria. 
Quero dizer: o cara se torna político numa terra em que quase todo político é ladrão, quer dizer que ele é um criminoso em potencial, não acham?
Vamos mandar esses super agentes da Fundação Casa para a ALESP, para Brasília, sei lá... acho que resolveremos facilmente o problema da segurança.
Já já o Serra vai competir com o Schwarzenegger - Governator da Califórnia. Exterminador do Futuro, literalmente



Termino com uma música do Jorge Ben, não sei por que:

ENGENHO DE DENTRO

O tiranossauro REX
Mandou avisar
Que prá acabar
Com a malandragem
Tem que prender
E comer todos os otários...


A NOTÍCIA pra quem duvida:

http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2012/10/22/serra-propoe-tratar-alunos-como-potenciais-criminosos-na-cbn/

terça-feira, 16 de outubro de 2012

De tão cômicas parecem falsas

Vamos às notícias:
1-)Ronaldo recebe R$6 milhões pra participar do "Medida Certa" da Globo.

Coitado, ele tinha trauma de falar da pança. E que pança. Mas por menos de R$6 milhões eu conto todos os meu traumas e ainda sirvo um chazinho com bolacha pra ficar mais interessante! Ele doou 100mil pro Teleton, né? Que alma caridosa! Caramba, R$6 milhões é demais! A galera que fez de graça a outra edição deve estar puta da vida. Mas eu acho que eles merecem uma explicação: é que o Ronaldo ganha por arroba! Quanto ta valendo o arroba do boi?

A empresa que ganhou contrato de 8 milhões pra Copa, parceira dele, também deve ter ficado puta da vida. O cara vai abocanhar toda aquela grana sem trabalhar nem dividir com a propina de ninguém. Isso nem parece Brasil!



2-)Mascote da Coca-Cola, para a Copa 2014, é atacado pela 3ª vez.

A primeira foi em Porto Alegre, a galera ficou P. da vida porque a Coca cercou a praça pública para por a mascote (isso mesmo, pra nossa surpresa, mascote é um substantivo feminino!), que ainda não tem nome, e que acabou tomando bicuda. O Tatu-bola foi escolhido por ser um animal tipicamente brasileiro. Na realidade é a cara do brasileiro, quando surge um problema se fecha na sua carapaça e se esconde esperando o problema ir embora. Aliás, já que mascote é feminino, e já que representa a Copa e o Brasil, proponho nomea-la Propina. A cara da Copa e do nosso país. Tudo a ver! Só acho que teria que pagar propina pra alguém da FIFA aceitar... Ou então a gente chama o tatu-bola de Ronaldo mesmo...
As outras duas vezes que ele foi violentado foi em Brasília, pois a propina não foi paga (pegou o trocadilho?), e a outra em São Paulo (porque a propina foi baixa). Ele anda sendo esfaqueado por aí, mas se for no centro-oeste vão tentar come-lo.



3-)Período de 'paz' causa boom imobiliário em Gaza.

Essa notícia tem um trocadilho infeliz. Parece que o título está ironizando a notícia. Pra falar da inflação imobiliária em Gaza os caras vêm me falar de boom, explosão, numa área que é tipo o Rio de Janeiro? Tiro e bomba pra tudo que é lado. Aliás, o Eduardo Paes e o Sergio Cabral deviam ir governar lá. Deixa a gente aqui sossegado...
É tipo narração de jogo entre Iraque e EUA: o atacante iraquiano invade a área, manda uma bomba... explode na trave! Não dá pra saber se estão narrando o futebol ou os homens-bomba em Bagdá.

Por falar em guerra, paz, tiro e bomba, o picolé de chuchu Alckmin jura de pé junto e sob a bandeira dos Estados Unidos que em São Paulo não tem crime organizado; que são só meia dúzia que estão caosando (com "O" mesmo porque estão criando caos, neologismo próprio). Bom, essa meia dúzia parece estar bem mais organizada que o governo, então! Principalmente na baixada santista! Não seria o caso de mandar esses políticos embora e eleger essa meia dúzia? Parece que eles governam mais... ops, a parceria rende mais assim!

Essas notícias são falsas e eu inventei tudo só pra entrete-los. Não acreditem em nada disso, porque eu mesmo não acredito! É tudo muito surreal.... Um abraço!

PS. nem me toquei que tudo aqui está relacionado. Você saberia dizer? 

sábado, 13 de outubro de 2012

Ronaldo e a melhor Copa de todos os tempos...


Sem querer gorar, mas já gorando, a Copa do Mundo 2014. Dentre os inúmeros problemas que todos sabemos de cor, podemos incluir na discussão uma pequena comparação de como cuidamos e honramos nossos compromissos. Alguns energúmenos têm orgasmos quando veem Ronaldo falando que está será a melhor Copa. O Pelé faz campanha no mesmo tom. Mexe com o brio do brasileiro: o ser brasileiro, a identidade que só surge em relação à seleção e à falcatrua.
O Ronalducho e o Pelé estão certos. Esta será a melhor Copa de todas: Ronaldo é membro da organização da Copa e lucra com publicidade e com jogadores que forem para a seleção. Ele garante que não há conflitos de interesses. Claro que não, seu interesse é lucrar onde quer que esteja! Não há conflito nenhum! Ele vai lucrar muito!
“Não se faz Copa do Mundo com hospitais e sim com estádios. A divisão de investimentos existe, mas temos que ver o que é prioridade”. Ronaldo.
Essa frase já mostra quais suas preocupações. Concluam o que quiserem...

http://diario.esporteinterativo.com.br/kajuru/2011/12/01/ex-ronaldo-ex-homem-e-uma-entrevista-de-gangster/


Atualizando: Esse Post foi escrito em Julho, esse mês (outubro) tem essa notícia:


Parceira de Ronaldo ganha contrato de cerca de R$ 8 milhões para estádio da Copa-2014

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/10/06/parceira-de-ronaldo-dirigente-do-col-ganha-contrato-de-r-8-milhoes-para-estadio-da-copa-2014.htm

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Reflexões sobre as Eleições 2012



Aí você ouve na Globo que a eleição é a festa da democracia, as outras emissoras repetem esse bordão de Zorra Total, mas o que é a "festa da democracia"? A gente vota e eles zoam? Confete e serpentina com notas de dólar!! Uhuuu!! Expressão bem cretina essa, hein?
Mas EU SEI o porquê! Na festa da democracia os políticos são o porre e a ressaca dura quatro anos. E, como sempre, enquanto estamos de ressaca a gente promete nunca mais beber, mas é só ir pra festa da democracia de novo que passa mais quatro anos na ressaca! Isso é coisa de idiota, não acha?
A gente aprende que, na democracia, elegemos o representante mas, se os eleitos forem imbecis, o que nós somos?
Agora me diga: numa festa a gente é convidado, certo? Convite se pode recusar. Agora, se for obrigatório, o nome certo não é castigo?
"Olha, se quiser PODE me beijar". "Agora você VAI TER que me beijar". A última parece ou não um castigo?

Será que somos mesmo as vítimas? Acredito que não! Os políticos é que são as vítimas das circunstâncias. Ou melhor, do povo. Quando um pobre rouba, é bandido, desonesto, pedem até pena de morte, mas o político ganha o voto. Político que empobrece é trouxa e não merece o voto, o que enriquece é esperto. Político que abusa do poder está vendendo seu peixe, o que age certo é otário. É assim que o povo pensa: "O mundo é dos espertos".
O eleitor obriga eles a roubarem. Senão não são espertos o suficiente, ou não têm dinheiro suficiente, para merecer o voto...
Mas fiquei contente com a consciência ambiental de alguns eleitos: eles defendem o meio ambiente, e usam madeira reflorestada nos milhares de santinhos jogados na calçada. Uma outra inundou a rua com jornalzinho de proteção aos cachorrinhos, mas vinha com uma sacola plástica que matou o cachorro aqui da vizinha engasgado.
Estava observando os "grandes" políticos analisando resultados de eleições e percebi que muitos vice-prefeitos, vice-governadores, vice-senadores, passam desapercebidos... A gente nunca ouve falar deles. O nome aparece alí no cantinho da propaganda, meio escondidinho, como se estivessem disfarçando: Ops, o quê? Como? Nossa, quem pôs esse nome aqui? Eles andam nas sombras, cabisbaixos, e com aquele disfarce de óculos, nariz e bigode... Mas ganham bem!
Escolher o vice é igual pegar mulher feia, você finge que ta bêbado, leva num canto escuro e reza pra ninguém perceber.
E eu me coço de curiosidade; gostaria de ver alguém mandando uma dessas no debate: Candidato Fulano, você escolheu alguém mais escroto que você para vice, é pra ninguém desejar que você morra?
Pra concluir, vice é igual curupira, saci-pererê: ninguém nunca viu! Sabe que existe, que faz traquinagens - igualzinho saci - e desvia as coisas da rota - feito o curupira-, mas eles não aparecem quando a gente procura... só de relance...

Resultado final das eleições: Vergonha alheia... Quanto palhaço eleito! Digo, palhaços de verdade, feito o Tiririca! Afinal, quem não é?


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Probleminhas de nada


O cara entrou no consultório, foi chamado, era sua vez. Resolveu ir, depois de muita relutância, por causa dos sonhos que estavam se tornando freqüentes: gostou tanto do conto O Nariz, de Gógol, que ficou pensando nele e acabou fixando em algum lugar na parte de trás da cabeça, sei lá.
Pra quem não acompanha essas novidades da literatura, O Nariz é um conto publicado na Rússia em 1836 e conta a história de um cara que acorda e descobre que seu nariz se descolou e estava andando pela rua, como se fosse gente. Só que no caso do nosso personagem em questão, não era o nariz, era o pinto.
Já completava aniversário que uma mancha esbranquiçada estava ali na região, um ressecado, mas nesses dias a pele começou a apresentar fissuras. Parecia que estava rachando. Ia cair? ele se perguntava.
Resolveu superar sua crise com médicos e seu complexo de pinto pequeno para obter o diagnóstico: micose simples.
Mas não foi tão fácil assim como você pensa. Primeiro ele entrou no consultório, suava frio com a ideia de se mostrar pra outro homem. Uma vergonha infinita. Nunca havia comparado o tamanho do seu, mas um entrevero com uma ex-namorada, na época do colegial, o deixou com fama e complexo de pinto pequeno. A partir daí, nunca fazia xixi em público, se escondia nos mictórios e só fazia sexo no escuro.
O médico apontou para um canto, onde um aro fluorescente reluzia com uma lente no centro. Era uma lupa com a iluminação da Avenida Brasil.
Droga, uma lupa! vou ter que sentar lá e tirar o pinto pra fora? ele pensou.
O médico logo emendou: tira o menino pra fora.
Porra! Menino? Que droga... será que ele vai por a mão?
Por sorte, o médico não tocou. Nem usou luvas, apenas baixou a lente próxima ao pênis e analisou, enquanto dava instruções para o paciente esticar e virar a pele:
-O que temos aqui é um probleminha de nada!
-Probleminha?
-Coisa pequena, que com uma pomadinha sara!
-Coisa pequena? Pomadinha?
-Vou dar uma receitinha, você compra a pomadinha e passa tudo certinho que logo estará bom! - e emendou o quebra-gelo - fique tranquilo que ele não vai cair!
Merda! Quanto diminutivo numa frase só! Esse cara ta me gozando? O clima ficou tenso até a hora da despedida quando o médico estendeu a mão. Ele deu o troco:
-Doutor, acho melhor você não pegar aqui, não...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Inteligência e intuição


Eu lia o jornal. Ela entrou no quarto. Não percebi.
É que eu lia a coluna do Pasquale, naqueles minutinhos de folga, antes de ir para o trabalho. Ele explicava sobre um caso de crase que, na realidade, era um caso de não-crase e eu estava concentrado para não botar mais a bendita em lugar errado.
-E o seu apelido? Já sabe qual é? Porque eles são assim! Terríveis! Ficam pondo apelido em todo mundo...
Ela estava ali postada ao meu lado, em pé, braços cruzados e imenso orgulho próprio e um misto de indignação... Via-se até coroa de louros em sua cabeça.
-Desculpe! Como é?
Tudo bem que não prestei atenção, não a vi chegar, mas repentinamente ela se pôs a falar do meio, sem prólogo  certamente, pois ela sempre fazia assim. Não entendo muito bem, mas creio que por uma questão de estilística: professora de redação.
-Eu falei com ele, chamei ele de lado e falei assim... porque eu não sou boba não, porque assim...
Aí já me compliquei inteiro, na tentativa de absorver o Pasquale, me impermeabilizava daquela conversa sincopada, as palavras, então, já escorriam pelos olhos e ouvidos.
-Hã? - Sem tirar os olhos do jornal.
-Eu pesco as coisas no ar, não precisa nem falar nada que eu já entendo.
Dancei, vou levar sermão porque não presto atenção no que ela diz, mulheres...
-Não sei, é uma coisa que eu tenho... que eu sou assim...
Droga, minha esposa sempre reclama que não presto atenção, que a deixo falando sozinho, mas eu quero entender essa coluna:
-É? - Apertando os olhos direcionados ao papel, para estancar as palavras que refletiam.
-É, é uma coisa que eu tenho assim, quando estão assistindo o filme, nem vejo e já sei do que se trata...
-Hum... - Ferrou, agora vem a fumada, lá vai. Ela vai querer dormir na casa da mãe dela por isso.
-Pode até tentar disfarçar, mas eu pego... e depressa!
Já era, um mês sem sexo... culpa do Pasquale... ele podia escrever mais diretamente...
-Eu pego assim no ar, quando estão conversando, quando alguma coisa tá acontecendo... eu tenho essa facilidade...
Ótimo, por que será que ela deixou essa qualidade no modo OFF pra falar comigo?
-É, chamei ele de lado e já fui falando: olha, enquanto você tá vindo eu já tô voltando, pensa que eu não sei o que vocês estão fazendo?
Ufa! Ela não ia reclamar de mim! Mas, que droga, que linha eu parei? Por que essa droga de frase não tem crase? Aprendi na escola que tinha...
-E aí ele já falou: desculpa professora, e foi sentar quietinho...
Ele foi? Ele foi, ele vai, quem vai vai a algum lugar, caramba tem crase aí? O que essa mulher ta falando? Será que dei a deixa pra conversa se arrastar?, pensei.
-Então, nem precisei citar o que ele falou, nem falei nada nem nome de ninguém, ele já vestiu a carapuça - agora com ar mais vitorioso, sobre sua inteligência.
-Muito bem meu amor, parabéns, você demonstrou muita perspicácia, deve se orgulhar, colocou ele em seu  devido lugar - como quem dá um biscoito canino, tentando concluir a leitura.
Ela saiu do quarto contente com sua percepção elevada. Ainda bem que ela só a usa em sala de aula...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Gerador de improbabilidade infinita: On



Alguém desligue o gerador de improbabilidade infinita, por favor!


Tô com aquela sensação estranha (que todo mundo conhece) de ter acordado em outra dimensão.

Primeiro, vejo a notícia de que a demente espanhola que estragou o Cristo de Borja, e desenhou o irmão do Chewbaca no lugar, ta pensando em pedir direitos autorais da obra! A véia curtia Guerra nas Estrelas... Fazer o quê?

Depois, vejo uma enquete no IG, sobre qual o maior escritor brasileiro da história e percebo que o Paulo Coelho, além de constar na lista, recebeu votos! Fora que o xarope (que nas horas vagas é escritor), anda espalhando por aí que é o intelectual mais importante do Brasil... o véio curtia Guerra nas Estrelas... fazer o quê?
Mas, imagina as piadas que estão fazendo da gente no exterior: Esse é seu maior intelectual? kkkk que burros, dá zero pra eles!

Cristo de Borja
Paulo Coelho
Chewbaca

Aí eu vejo que o STF tá condenando corrupto! (Esses véios não curtiam Gerra nas Estrelas)

Isso é demais pra minha mente! Preciso parar com os psicotrópicos...



Pra quem quiser se sentir em outra dimensão, sem LSD, tá aqui:


http://noticias.r7.com/brasil/noticias/julgamento-do-mensalao-ja-tem-dez-reus-condenados-20120915.html

Se for prender corrupto não vai ter cadeia suficiente... vai precisar de um Estádio pra comportar tanta gente... Ainda tem a história da carochinha, de que o Itaquerão não está sendo feito com verba pública, pra me atormentar... Ahhhh é demais pra mim...

Calma, não entre em pânico, pegue uma toalha branca...

Ainda bem que pelo menos vou ter o Lollo de volta pra me consolar...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Notícias

Boas, minha gente! Como vai?

Aqui vai tudo bem. O país está com 5 no Ideb (de 0 a 10) e a um passo de igualar com países desenvolvidos (nota 6), segundo a propaganda que tá rolando na TV. Agora vai!

Sem querer ser chato, mas já sendo:

Investimentos financeiros em educação - gasto anual por aluno

Nível Brasil Média da OCDE     Posição do Brasil no ranking
Ensino pré-primário    USD 1,696    USD 6,670         3º pior colocado de 34 países
Ensino primário USD 2,405 USD 7,719     4º pior colocado de 35 países
Ensino secundário USD 2,235 USD 9,312     3º pior colocado de 37 países
  • USD = Dólar americano
  • Fonte: OCDE

Tá difícil de acreditar na propaganda. Mas deu na TV. Deu na Globo. Então não vou nem duvidar. Goebbels está feliz no caixão. Agora vaí!

Outra notícia: Pai comete fatalidade contra filha de 21 anos.

Essa já é velhinha, mas vale destaque pela fatalidade. É fatalmente estúpida. Tipo a cartilha tucana nas escolas: não pode dizer que o aluno roubou o material do colega; tem que dizer que ele se apropriou indevidamente de um material que não o pertencia. Fica bem mais bonito! Agora vai!

Assim como fica mais bonito chamar o faxineiro de auxiliar técnico de higienização geral. Alcoólatra vira alcólico ou alcolista e viciado é adito. Ops cometi um erro, chamei a notícia de velhinha. Não pode. É melhor idade. Agora vai!

Isso me lembra um diálogo do Two and a Half Men: Allan disse afrodisíaco e o Jake (um modelo de inteligência) corrigiu: não é afrodisíaco, o correto é african-american disíaco. (tá mezzo ingles, mezzo português, mas assim fica mais interessante).

Será que essa cartilha do políticamente correto é elaborada por cérebros como o do Jake?

E pra quem duvida dos números sobre a educação que mostrei:
http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/09/11/brasil-aumenta-investimento-em-educacao-mas-ainda-nao-alcanca-medias-da-ocde.htm

Agora vai... Vai tudo à merda de vez...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

O grande mágico de domingo

Era um show ao vivo, desses que tomam a tarde de domingo, e anunciavam a atração internacional: um tal mágico, com direito à trilha sonora de entrada, roupas estilizadas e intérprete.
-Oloco meu! Olha quem tá vindo aí! É o fera da mágica, direto dos Estados Unidos! O rei da enrascada! Ôrra meu!
A vibração da platéia contagiava, ele entrou no palco acelerado, talvez em pó, e a galera em casa se aglomerou na frente da tela. O pensamento era alto, uníssono: O que será que ele vai fazer? Vai serrar o apresentador no meio? Tomara! Vai serrar uma dançarina? Não, coitada! Vai fazer esse tédio dominical desaparecer pra sempre? O que será? O que será? Hein? Hein?
Mas havia algo realmente estranho naquela atração. Fora o aspecto junkie do mágico - coisa que pode ser muito comum na profissão, embora não esteja mais em alta -, fora o fato de ser um programa sem graça de domingo - coisa que também pode ser comum na profissão, embora não esteja mais em alta - e fora o ar de atração caseira que se apresenta aos familiares nos dias festivos de reunião - coisa que também pode ser comum na profissão, embora não esteja mais em alta -; era uma atração daquelas que se realiza uma tarefa num espaço de tempo muito curto (você tem trinta segundos para descobrir o nome!).
Como assim? Perguntariam os mais céticos. O cara tem que entrar no palco, mostrar as roupas estilizadas, provar pra todos que é estrangeiro e que é mágico em trinta segundos? Isso só já é uma mágica!
Bom, mas o fato é que ele foi arregassar as mangas, mas preferiu, infelizmente, tirar a jaqueta (daqueles agasalhos de treino, tipo adidas, toda detalhada com estampas de labaredas rodeando o corpo, fazendo conjunto com a calça). Digo infelizmente porque a compleição física da atração não era nada atrativa. Era um corpo de tiozinho, braços flácidos, enrugados e branquelos, uma bela protuberância onde deveria ser o abdômen, bem delineados pela camiseta regata justa que vestia.
Com esse visual digno de pena, foi anunciado o grande número, mas nesse ponto o êxtase no sofá de casa era tão grande que a balbúrdia da galera não me deixou ouvir. Consegui deduzir que ele seria amarrado a uma camisa de força e içado pelos pés a uma altura de uns 5 ou 6 metros. Mas o objetivo de tudo isso não ficou muito claro.
A camisa de força foi presa, uma tira de couro fechava por entre as pernas, saindo da barriga e terminando nas costas. Uma tornozeleira prendeu seus pés e ele foi erguido. Quando o relógio começou a contar, com um simples chacoalhão removeu todo o aparato de seu torso! Isso foi realmente acintoso: aquele couro todo, preso, simplesmente se soltou? Mas o fato é que ainda restavam uns vinte e cinco segundos e o grande mágico passou a se ocupar de sua tornozeleira. Em cerca de cinco segundos ele soltou um pé e já nos deparamos com outra questão: e agora, se ele soltar o outro pé, cairá daquela altura? Passaram dez segundos, onze, doze, a tensão crescia, o mágico se debatia pendurado por um pé só, quando, talvez, o responsável pelo guindaste por um ato de pena, ou prudência, começou a descer o cabo. Mas o mágico não desistia! Quando suas costas tocaram o chão, a campainha anunciou o fim dos trinta segundos, mas o mágico perseverou! mesmo deitado no chão, com o tempo estourado, ele se debatia em convulsão, talvez uma minhoca, tentando se desvencilhar da tornozeleira e, quando conseguiu, com a ajuda de um auxiliar de palco, levantou comemorando, vitorioso! Correu para o lado contrário das câmeras...
Nessa hora, uma mistura de gozo, estupefação e vergonha alheia invadiu a platéia em frente à televisão. Desconfio que sua mágica maior tenha sido essa: num só golpe fez sumir o tédio e o bom senso do programa.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Conto

Ontem não consegui postar! Mando, então, um texto que fiz há algum tempo:


-Gostaria de chamar ao palco essa grande figura, que já ocupou a Secretaria Estadual de Educação, fazendo um ótimo serviço, reduzindo o analfabetismo, a evasão escolar, melhorando as condições dos professores e acelerando o desenvolvimento da educação no Estado.
-Chega! Não dá mais, nossa relação está desgastada, não aceito mais suas desculpas nem suas chantagens. Você é um cretino.
-Você não pode fazer isso comigo, não vou deixa-la ir assim. Você não pode me abandonar.
-Após sua brilhante gestão na educação do Estado, ele aceitou nosso convite para o ministério da educação e foi tão bem sucedido que recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
-Você não pode sair assim. Pra onde você vai?
-Não te interessa, vou embora daqui. Chega!
Subiu ao palco, agradeceu a todos com um sorriso. Aquele sorriso que sempre derrubava qualquer obstáculo. Ainda ouviu no caminho diversos comentários sobre como conduzira com grande inteligência questões pontuais e de gestão. Pegou o microfone e aguardou a plateia silenciar.
-Pra que essa mala? Já falei, não adianta querer levar suas coisas! Daqui você não sai. Quer sair, dar uma volta, você até pode. Mas não vai levar suas coisas.
Começou parabenizando o evento, relembrando algumas metas do governo para o próximo ano.
-Eu sempre te dei tudo, sempre fiz de tudo por você. Não admito que você vá assim e me deixe aqui.
-Grande merda. Você é um bosta. Sai da minha frente! Tira a mão de mim! Tira essa mão de mim!
Respondeu uma pergunta sobre a unanimidade do seu nome para a sucessão presidencial. Negou, disse não haver interesse. Relembrou o fim do prazo para candidatura se aproximando, a falta de tempo hábil, mesmo que quisesse. Reafirmou sua vontade de apenas colaborar com planejamento e gestão. Realmente não tinha grandes pretensões. Quem analisasse sua trajetória perceberia que sua ascensão se dava muito mais por competência e mérito que por ambição. Na verdade esta lhe faltava, diriam opositores.
-Se você encostar de novo em mim eu faço um escândalo. Chamo a polícia! Coloco seu nome nas primeiras páginas. Sai da minha frente que eu vou pegar minhas coisas nesta gaveta.
Recebeu o prêmio ofertado: a placa ele guardaria de recordação enquanto a importância em dinheiro já estava secreta e automaticamente destinada a um hospital infantil. Mas, até então, ele nunca teve filhos. No caminho para casa – sempre de ônibus, pois não achava correto gastar dinheiro com carro oficial nem motorista – parou para comprar o jantar, ligou para a esposa, consultou sua preferência, de quebra comprou-lhe flores.
-Você não chama a polícia nem sai dessa casa. Agora cala essa boca e me escuta!
-Não há nada que você diga que me convença do contrário, eu vou embora! Nosso casamento já estava na corda-bamba. Você não me dá atenção há anos e eu achava que o problema era comigo - um tapa calou e a jogou de costas na cama.
Saindo para a premiação, na porta de casa, a surpresa: um caso de uma noite, estava ali, com uma criança de poucos anos, esperando para exigir seus direitos. O segredo veio lhe puxar o pé.