Google+ O Riso e o Siso: agosto 2013

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Vida de Condomínio: Briga e selvageria

Não entendo nada de seres humanos, mas a vida em condomínio é um grande ensinamento nesse quesito. E eu descobri que, quanto maior a briga de um casal, mais selvagem é a reconciliação. Descobri também, que é muito mais interessante a baixaria do que a putaria.
Toda noite, um pouco antes da novela, botamos ouvidos a postos para verificar qual entretenimento vamos acompanhar: dramalhões mexicanos altamente improváveis e manipulados ou o espetáculo real dos acontecimentos cotidianos?

Nossos vizinhos poderiam cobrar ingressos. Fariam uma grana. Eu pagaria!

O caboclo olha torto ou fala meia palavra pra mulher e os dois já descambam para as vias de fato. É um que vai pra casa da mãe, o outro que vai pra casa dos tios, aquele que vai pro sofá, o outro que vai pro inferno. Dali já são as louças e os talheres que resolvem suicidar-se, a mulher dá passos de cento e vinte quilos, faz aulas de sapateado e corre para os lados com a mala de rodinhas, diz que não suporta mais, que não vai mais admitir, que onde já se viu. Todo mês.

Acho que meu teto é valvulado. O som sai cristalino.

O duro é quando o cara chega tarde. Aí até eu quero partir pra ignorância. A gente fica esperando, se não tem espetáculo, engrena na novela e daí começa a baixaria? A gente perde o começo, perde o fio da meada! Não dá. E o risco da briga continuar noite a dentro e eu ter que largar no meio?

Vou fazer abaixo-assinado pra não deixar o cara entrar no condomínio depois que começou a novela. Se quiserem brigar, deixa pro dia seguinte que a gente não perde o capítulo.

Aí depois vem aquela parte constrangedora da reconciliação, o não faz mais isso, não faço, me promete, me jura, eu juro, o olha que eu te mato, olha que eu morro, olha que sua mãe não aguenta mais reclamação e eu que sem você não tenho por quê. E vem a troca de gentileza e a troca de genitálias.

Aí selvageria toma conta da situação tudo novamente são gritos gemidos pé de cama arranhando o piso. Ufa. Ainda bem que ele tem ejaculação precoce...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Manifestações na Câmara dos Deputados

Dezenas de manifestantes invadiram, no final da tarde desta terça-feira (20), o plenário da Câmara dos Deputados, local onde as votações são realizadas e em que é permitida apenas a presença de deputados e assessores, lobbystas, empreiteiros, mega empresários, representantes da Siemens, maletas de propina, ex-deputados, ex-presidentes, quadrilheiros, traficantes, ladrões, sequestradores, cafetões e estupradores.
O presidente da Câmara, pediu "respeito" aos manifestantes, que apitavam, cantavam o Hino Nacional e gritavam palavras de ordem no plenário. "Aqui não é lugar para rompantes de civismo e cidadania", alertou o presidente.
Os manifestante gritavam "A casa é do povo", o que deixou alguns deputados confusos pois sempre acharam ser da mãe Joana.
Parlamentares que se sentiram ofendidos desabafaram: "Isso aqui está uma putaria. Somos todos profissionais aqui! Estamos trabalhando! Pedimos que os amadores se retirem do ambiente!"
 "Não é assim que vão conquistar os votos desse plenário. Eu faço um apelo para aqueles que querem ver essa matéria votada, sem discurso fácil e demagógico, retirem-se do recinto." Logo em seguida os computadores entupiram o servidor de rede do plenário com consultas ao google da palavra "demagógico" e "recinto".
A bancada de oposição pediu esclarecimentos sobre os valores envolvidos e os números dos cheques a compensar. Os deputados prometem votar a matéria assim que os devidos valores forem compensados no banco.
Após o incidente, já se ouvia pelos corredores reclamações de estresse devido aos atribulados dois dias de trabalho semanais, pedidos de recesso e negociações de atestados médicos. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O Moço de Deus

Wallace
Texto do meu aluno Wallace Miapet

Aparecido era o nome dele. Não era bonito, não tinha nada de atraente e nem mesmo era inteligente, porém vivia sempre atrás de uma namorada. Como todas as moças do bairro já tinham desprezado ele, só havia lhe restado as garotas de uma igreja evangélica do bairro.
Ele começa a frenquentar essa igreja, e de cara já encontra uma vítima. Era uma moça tímida, muito bonita, mas não sabia como mostrar sua beleza. Se chamava Vanessa e era nova na igreja.

- Boa noite, branca de neve.
 Disse o garoto, todo desajeitado, com um guarda chuva enorme na mão e de bicicleta. Já tinha começado mal, já que a garota era complexada com sua palidez.

- Paz do senhor, irmão.
Respondeu ela, começando a ficar irritada com tamanha inconveniência.
- A senhorita já pensou em arrumar um namorado?
- Claro, como toda moça pensa. Mas eu estou esperando um moço de Deus.
- Se eu te disser que eu sou esse moço de Deus.
Ela olha com espanto para o rapaz.
- Eu viraria atéia.
- Por quê?
- Cara, eu leio bíblia todo dia, tenho voto de castidade, não perco nenhum culto e ainda canto no louvor. Se minha recompensa, de fazer tudo isso, é ter você como namorado, eu posso acreditar em um Deus assim?

Aparecido sem graça com a responde:
- Para uma moça que se diz tão certinha até que você é bem cruel.
A garota já irritada se afasta daquele rapaz irritante.
-Passar bem, irmão.

Então ela se afasta e deixa o coitado do Aparecido arrasado com sua resposta, que, cá entre nós, foi bem cruel mesmo. Mas aquele abatimento foi momentâneo. Aparecido logo se recompôs quando viu outra irmã indo embora pra casa.
- Paz do senhor irmã, a senhora está à espera de um moço de Deus?


E assim foi com todas as fiéis daquela e de muitas outras igrejas, até o dia que “O Moço de Deus”, como ficou conhecido em toda a cidade, encontrou a sua benção. Uma moça que de Deus não tinha nada, mas o fazia muito feliz. Mesmo ele tendo que pagar R$50 por encontro.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vida de condomínio: Quebrando Regras

Ser humano é ligeiro para quebrar regras. Sempre tem gente disposta a quebrar, nem que seja uma regrinha boba qualquer. E, no meu condomínio, todos são excessivamente humanos! Quando o marasmo começa a bater, uma reunião é marcada para criar regras a fim de serem descumpridas. É como a comissão de decoro do Congresso Nacional.

Talvez seja carência afetiva do síndico: um senhor de meia-idade, morando sozinho, não recebe visitas e, pra espairecer convoca uma reunião para criar regras novas. E as pessoas embarcam. Discutem, brigam, levam à sério e até dão baixaria pela aprovação de regras novas... Simplesmente não consigo entender essa tara de reunir uma galera, num salão, depois de um dia de trabalho, sem oferecer nem um aperitivo pra criar discussões e votarem regras que ninguém seguirá. Isso é conspiração pra derrubar audiência da novela?
Proibido lutinha com elefantes

Vou exemplificar:

Foi proibido cachorro na área comum, mas, desde então, o prédio não precisa mais de adubação, nem no jardim, nem na área cimentada.

Não pode fumar na escada de incêndio mas aquilo já virou a sauna da nicotina. Um dia desci pela escada e saí de lá com os dentes amarelos!

É incrível a disposição para o absurdo.

Nunca vi ninguém correr ou fazer qualquer estupidez no estacionamento. O síndico aprovou em assembléia que deveria colocar placas "velocidade máxima 10Km/h". A partir daí, foi necessária outra assembléia para aprovar radares ao longo do condomínio. Tinha até campeonato de racha na sexta a noite. A coisa era realmente bem animada.


Não alimente o boto mutante com crianças.
Depois, veio uma placa: "proibido apertar todos os botões do elevador". Resultado: eu moro no décimo andar e, de escada, chego mais rápido que o elevador!

São sempre placas ridículas proibindo o óbvio. Coisas que nunca tinham acontecido até a afixação da placa:

"Proibido cantar o hino do Íbis na terça-feira de manhã". Resultado: Vamos meu Íbis pra luta / E em qualquer disputa / Estaremos ao seu lado / Vai dar tudo no gramado...

"Proibido quebrar o dedo mindinho, do vizinho esquerdo, em noite de lua-cheia". Resultado: festival de talas e gessos na lua minguante.

Tinha até uma placa proibindo colocar placas! É tudo tão surreal, que estou certo de que meu condomínio foi pintado pelo Salvador Dalí.

O dia que colocarem "proibido sexo na área comum do condomínio", aí sim vai ser um pegapracapar!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Império nórdico pede nota

Professor baixinho, franzino, na sala, puto da vida, fechando a nota. Um aluno (novo) não entregou nada.

-Quem é o Roberval?
-É o King, professor!
-Cadê ele?
-Que é? Levanta um menino enorme, albino e tranças loiras, cheio de músculos. Conciso, sisudo e meio ogro.

"King? Por que King? Será de Rei? Será de Viking? Será de Rei Viking?"
O professor começava a experimentar a sensação de um aldeão da Idade Média sendo saqueado pelos nórdicos.

-Desde quando você está aqui?
-Um mês e meio.
-E você não fez nada? Não entregou nada? Nenhuma atividade?
-...
-Me diz uma coisa: de que escola você veio?
-Isoldina.
-Certo. E agora? Que nota eu fecho?
-Dez.
-Dez? Rá, meu amigo, pra dez você tem que suar, hein!?
-...
-Me diga, por que King?
-King Kong.
"Bom, racismo não é, certamente é o tamanho do moleque!"
-Peguei uma professora pelo pescoço. Parecia o King Kong segurando a Ann Darrow.

O moleque gesticulava retesando os músculos e fingindo quebrar algo entre as mãos. Certamente a professora ficou minúscula na estrutura marombada do garoto. As veias do pescoço saltavam tingindo o rosto de avermelhado e ele já se inclinava indo em direção ao professor:

-Caramba, rapaz, quanta eloquência! É um gênio da retórica! E quanto conhecimento geral, cultura pop... -ele sabe do King Kong e da loirinha do filme - acho que vou te dar um sete de média!
-Sete? Dez! Cultura geral e leroquência!
-Concordo! Mas você tem que entender que minha matéria é química!
-...
-Se fosse redação você ficava com dez o resto do ano, né?
-Ah tá!

Tudo bem que, na realidade a matéria era sociologia, mas o nervoso o fez chutar para bem longe das Ciências Humanas. O importante era mudar o foco:

-Escuta, já ouviu falar de Thor?