O policial, enfezado com a
multidão protestando, ordena que retornem para suas casas e arrumem outra forma
de protestar. Ninguém atende, ninguém da atenção à sua autoridade. Ele desce o
sarrafo na galera. Ele só está fazendo seu trabalho. Ele exige respeito. O
ladrão, depois de preso, espera bom tratamento das autoridades, quer ser
tratado como gente, exige seus direitos respeitados, exige respeito. Ele só
estava fazendo seu trabalho. Ambos oram para Deus no início do dia e sempre emendam
um “se Deus quiser” no fim das frases. O mesmo Deus que ajuda o bandido ajuda o
policial.
Assim como o professor que obriga
a sala a orar, apesar da educação laica, e pede ajuda de Deus para um bom dia
de trabalho, faz piadas machistas, homofóbicas, racistas, não perde a chance de
ressaltar a pobreza do aluno, abusa de sua autoridade chantageando notas, pede
atenção para a sala, xinga, grita e exige respeito. Também o aluno picha, destrói,
rabisca quebra a sala de aula, atrapalha a explicação, desdenha da escola e do
trabalho do professor exige seus direitos, protesta para ser respeitado.
A caminho de casa presenciei um
motoqueiro acelerar na curva, derrubar um ciclista, alcançar o carrão de luxo mais
à frente e iniciar uma discussão por causa de uma manobra imprudente cem metros
atrás. O carro tinha um símbolo cristão na traseira. O motoqueiro foi tirar
satisfação. Sua vida foi posta em risco. Ele estava exigindo respeito.
A feminista engajada sai do mercado
- linda e loira - e entra em seu carro estacionado na vaga de
deficientes. Ela sempre fala da bíblia. Ela é saudável. Ela luta por respeito.
Todos exigem respeito.