Google+ O Riso e o Siso: Frente de Libertação dos Anões de Jardim

terça-feira, 28 de maio de 2013

Frente de Libertação dos Anões de Jardim

Eu saí cedo naquele dia para trabalhar e passei o dia sentindo algo de estranho. Só quando voltei para casa percebi: o anão de jardim havia sumido!
Fiquei estarrecido. O que poderia ter havido? Roubaram-no? Enquanto vasculhava o gramado em busca de pistas, encontro o seguinte bilhete:

"Estamos com o Hércules. Ele, agora, terá uma vida melhor! Ass. FLAJ"

Não entendi bem. Quem era Hércules? o anão? Fiquei sem saber o que dizer, a quem reclamar, pensei em boletim de ocorrência, mas quem seria FLAJ? Algum amigo pregando uma peça, certamente. Que história é essa de vida melhor? Era apenas um anão de jardim, parado, estático, sem sentimentos.
Que coisa de bobo!
Fui dormir e no dia seguinte, passei o dia tentando descobrir quem era o engraçadinho que fizera isso com meu anão. Ao voltar do trabalho, encontro, em minha caixa de correio, um bilhete dizendo:

"Nós do Movimento de Emancipação de Anões de Jardim (MEAJ), soubemos do ocorrido e repudiamos veementemente a maneira como a FLAJ conduz suas atividades. Reiteramos, aqui, nossa solidariedade e afirmamos que buscaremos informações do paradeiro do seu anão, para a reconciliação".

Pensei: Pelo visto meus amigos não se intimidam com a própria idiotice. Nossa, agora eles estão entrando a sério na brincadeira. Vou esperar que logo eles devolverão.
Dois dias depois, um novo bilhete no meu portão:

Guerrilha de anões
"Não adianta, a MEAJ não poderá ajuda-lo. Nós da FLAJ acumulamos inúmeras reclamações de maus-tratos ao seu anão e o conscientizamos de seus direitos. Agora ele não quer mais voltar para casa".

"Eu, hein?! Que gente estranha, meus amigos estão realmente pirando, preciso tomar mais cuidados com quem ando", pensei logo em seguida.

E os bilhetes não cessaram. Iniciou-se uma discussão, sobre direitos dos anões, direitos dos donos de anões, qualidade de vida, jardinagem e segurança na minha caixa de correio. Descobri que a sigla FLAJ siginifica Frente de Libertação dos Anões de Jardim. A esta altura comecei a me sentir inseguro, senti que estava sendo seguido e que, talvez, meus amigos não tivessem nada a ver com o assunto.
Guerrilha de anões
Os dias se sucederam e eu fui tomando consciência dos acontecimentos. Em resumo, meu anão havia me denunciado pela baixa assepsia dedicada a ele (me chamou de sujo!); pelas péssimas condições de segurança no trabalho; que eu não havia dado treinamento de prevenção de acidentes e nem formado uma CIPA com os anões do bairro; e por tê-lo exposto a animais e "crianças peçonhentas", armadas de bolas e carrinhos de controle-remoto.
Guerrilha de anões
A história estava ficando cada vez mais cabeluda! Eu nunca havia pensado nessas condições de trabalho dos anões. Será que ele podia ter me denunciado? Mas porque ele recorreu a atitude tão extremada em vez que estabelecer diálogo comigo? Será que ele tentou e eu não dei ouvidos?
Pesquisei na internet e descobri que sete anões se suicidaram na França em um protesto.
Eu já não entendia mais nada, e, dada as reclamações do meu anão, a MEAJ que dizia me apoiar já passava a condenar meu descaso para com o pequeno.
Passei a deixar bilhetes também, no meu portão, com o intuito de estabelecer diálogo e entender melhor o que se passava! Tentei explicar que não era sequestrando meu anão que eles mudariam as coisas. Responderam que eu não tinha envergadura moral para dize-lhes o que fazer. Retruquei que pouca envergadura tinha o objeto que me levaram. Seguiu-se que eles baixaram o tom da discussão. Eu falei que não me metia em baixaria. Logo disseram que minha pequenez moral me levava a trata-los como objeto. Respondi que a estatura intelectual deles não os permitia distinguir coisas de seres.  Eles receberam isso como provocação e me lembraram que eu era um bacharel.
-Ahá! a palavra bacharel não vem de baixo, nem de pequeno - eu disse.
Em seguida eles me enviaram:
"Não tem a ver com tamanho, mas é que nós possuímos pós-doutorado. Quem está abaixo de quem, hein?".
Pois é, diante disso, calei-me e busquei compreender melhor minha baixeza no trato com meu ex-anão de jardim.

CONTINUA...

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