Google+ O Riso e o Siso: novembro 2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Coreia do Norte é o melhor lugar para viver

Segundo fotos recentes, a Coreia do Norte seria o melhor lugar para se viver:

 
Principalmente se você for uma luz neon, porque um ser humano se sentiria bem solitário nestas ruas vazias. O que me leva a duvidar da veracidade dessas fotos. Acho que foram feitas em Sketchup. Na verdade são dois indícios de falsificação: poucas pessoas para tantos apartamentos (o que nos remete aos apartamentos mantidos pelo Congresso brasileiro), e nenhuma placa vendendo "pastel de flango". O curioso é que mesmo sendo feitas por computador, a situação beneficia o país num pioneirismo jamais visto, colocaria a Coreia do Norte na dianteira em tecnologia do mundo: o primeiro país em que todos os cidadãos ganharam uma casa virtual de seu governo. Não há Minha Casa Minha Vida que bata esse programa.
A Coreia do Norte é um país virtual. Até esse binóculo é virtual:

Eu acho interessante que os indicadores sociais passem a considerar a quantidade de neon como índice de desenvolvimento de um país. Porque fome vem toda hora, não vence contar a produção de alimentos e a quantidade de famintos, só o neon dura... Isto apaziguaria direita e esquerda no Brasil.
Imagina que lindo, uma revolução comunista na África distribuindo neon para todos os famintos?
Enquanto isso, os neuróticos, por aqui, denunciam o bolivarianismo do governo dizendo que vão nos transformar em Cuba ou Venezuela. Que coisa horrível, um país sem neon. Para barrar a revolução por aqui até já encomendaram um carregamento da China.


Fotos de http://teoriasdarevolucao.blogspot.com.br

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Mundo Animal

Aula externa, os alunos adoram. Frequentemente eu os levo ao pátio e a aula fica mais dinâmica, o astral da turma melhora e a vontade de realizar as atividades é sempre maior que em sala de aula. Acredito até que eles aprendem mais, pois há mais estímulos, mais curiosidade.
Há alguns dias, explicando questões de política, Estado e eleições, resolvemos fazer a tal aula externa e os alunos comemoraram. Era uma grande oportunidade de explicar o funcionamento das eleições e os partidos políticos. Eu queria aproveitar o interesse despertado com o ano eleitoral. Dividi grupos que seriam partidos, e estes disputariam um debate.
Apostilas a postos, alunos concentrados tentando definir a linha política do partido. Uma boa oportunidade para explicar diferenças e semelhanças entre PT, PSDB, etc. Altas discussões e elaborações de estratégias políticas quando um evento desvia a atenção de todos:
-Olha, um tucano. Que lindo!
Um tucano vermelho, de bico imponente pousado na árvore fazia poses enquanto adolescentes alvoroçados buscavam câmeras de celulares para fotografá-lo.
Achei curioso o fato não de um tucano pousar na árvore, mas do súbito interesse dos alunos pela ave: a escola fica à beira do Parque Estadual da Serra do Mar, de modo que, visitas assim são comuns ao nosso ambiente. Macacos, tucanos, gambás e vários animais costumam aparecer por aqui. Principalmente em épocas eleitorais, em busca de votos. Os alunos os conhecem e estão acostumados com isso.
Como eu iria competir com esse súbito interesse pelo animal e ensinar política para eles? Como atrair de volta as atenções e passar um conteúdo? Como aproveitar o acontecimento para minha aula?
Talvez citá-lo como mascote de um partido? Mas ele era vermelho, do partido oposto, isso poderia confundí-los? Seria um híbrido?
Acreditei até ter visto uma estrela em seu peito.
Repentinamente, a ave rubra dá o bote e agarra um filhote no ninho.
-Que desgraçado!
Todos buscam pedras, cadernos, estojos para atirar no pássaro e resgatar o filhote a ser devorado. Tarde demais. O terror e a descrença estava na cara de todos observando as entranhas sendo expostas.
-Professor, achava que tucano só comesse frutas!
-Pois é, em ano de eleição eles devoram tudo...

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Insegurança Jurídica

Publicado em http://odiariodemogi.com.br/  dia 22 de outubro de 2014

Segundo nossa Constituição, todos somos iguais perante a lei. É um conceito bonito e interessante. Ainda mais se combinado com a ideia de segurança jurídica, tão propalada em julgamentos e decisões relevantes ao conjunto de cidadãos da nossa República.
Percebemos a importância de tais conceitos se fizermos um simples exercício de imaginação, hipotético, em que um grupo de cidadãos, ou uma categoria profissional, dotada de poder, utiliza de suas prerrogativas para burlarem a lei a fim de se beneficiarem. Não encontro, nesse exemplo, situação de igualdade entre cidadãos, muito menos de segurança jurídica, já que a lei pode ser burlada para benefício de um pequeno bando. Tal exercício torna-se ainda mais escabroso, se imaginarmos que o burlador é exatamente quem deveria zelar pelo seu cumprimento. Ou seja, aqueles que usam do argumento de segurança jurídica para sentenciarem seus julgamentos. Fica difícil crer em suas decisões, certo?
Agora, de exercício hipotético à situação concreta: o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, nessa quinta-feira (16), no Jornal da Cultura, justificou o auxílio moradia dos juízes no valor de R$4.300,00, porque eles não podem ir todo dia à Miami comprar ternos e que essa foi uma forma de se darem um aumento salarial para que andem bem vestidos e, devido à alta carga de trabalho, evitem depressão. Ou seja, uma burla.
Eu não sei quanto a vocês, leitores, mas posso testemunhar, de minha parte que, ser professor no Estado é um trabalho fácil e revigorante, quase um hobby. Isso quando não olhamos nosso holerite, as condições de trabalho, a violência escolar, o descumprimento das leis estipulando nossa jornada de trabalho e o nosso salário. Quando eu me apresento “sou professor”, ouço “legal, e o que você faz pra viver?”.
Será que, pela segurança jurídica e igualdade, devamos todos burlar a lei por benefícios? Ou isso só vale para profissões que trabalham muito, ganham pouco e adoecem por isso? A maioria dos brasileiros trabalha por diversão, é isso.

Américo Almeida Neto, é mestre em sociologia, professor, poeta e escritor.