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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Insegurança Jurídica

Publicado em http://odiariodemogi.com.br/  dia 22 de outubro de 2014

Segundo nossa Constituição, todos somos iguais perante a lei. É um conceito bonito e interessante. Ainda mais se combinado com a ideia de segurança jurídica, tão propalada em julgamentos e decisões relevantes ao conjunto de cidadãos da nossa República.
Percebemos a importância de tais conceitos se fizermos um simples exercício de imaginação, hipotético, em que um grupo de cidadãos, ou uma categoria profissional, dotada de poder, utiliza de suas prerrogativas para burlarem a lei a fim de se beneficiarem. Não encontro, nesse exemplo, situação de igualdade entre cidadãos, muito menos de segurança jurídica, já que a lei pode ser burlada para benefício de um pequeno bando. Tal exercício torna-se ainda mais escabroso, se imaginarmos que o burlador é exatamente quem deveria zelar pelo seu cumprimento. Ou seja, aqueles que usam do argumento de segurança jurídica para sentenciarem seus julgamentos. Fica difícil crer em suas decisões, certo?
Agora, de exercício hipotético à situação concreta: o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, nessa quinta-feira (16), no Jornal da Cultura, justificou o auxílio moradia dos juízes no valor de R$4.300,00, porque eles não podem ir todo dia à Miami comprar ternos e que essa foi uma forma de se darem um aumento salarial para que andem bem vestidos e, devido à alta carga de trabalho, evitem depressão. Ou seja, uma burla.
Eu não sei quanto a vocês, leitores, mas posso testemunhar, de minha parte que, ser professor no Estado é um trabalho fácil e revigorante, quase um hobby. Isso quando não olhamos nosso holerite, as condições de trabalho, a violência escolar, o descumprimento das leis estipulando nossa jornada de trabalho e o nosso salário. Quando eu me apresento “sou professor”, ouço “legal, e o que você faz pra viver?”.
Será que, pela segurança jurídica e igualdade, devamos todos burlar a lei por benefícios? Ou isso só vale para profissões que trabalham muito, ganham pouco e adoecem por isso? A maioria dos brasileiros trabalha por diversão, é isso.

Américo Almeida Neto, é mestre em sociologia, professor, poeta e escritor.

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