Google+ O Riso e o Siso: Um Conto

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Conto

Ontem não consegui postar! Mando, então, um texto que fiz há algum tempo:


-Gostaria de chamar ao palco essa grande figura, que já ocupou a Secretaria Estadual de Educação, fazendo um ótimo serviço, reduzindo o analfabetismo, a evasão escolar, melhorando as condições dos professores e acelerando o desenvolvimento da educação no Estado.
-Chega! Não dá mais, nossa relação está desgastada, não aceito mais suas desculpas nem suas chantagens. Você é um cretino.
-Você não pode fazer isso comigo, não vou deixa-la ir assim. Você não pode me abandonar.
-Após sua brilhante gestão na educação do Estado, ele aceitou nosso convite para o ministério da educação e foi tão bem sucedido que recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais.
-Você não pode sair assim. Pra onde você vai?
-Não te interessa, vou embora daqui. Chega!
Subiu ao palco, agradeceu a todos com um sorriso. Aquele sorriso que sempre derrubava qualquer obstáculo. Ainda ouviu no caminho diversos comentários sobre como conduzira com grande inteligência questões pontuais e de gestão. Pegou o microfone e aguardou a plateia silenciar.
-Pra que essa mala? Já falei, não adianta querer levar suas coisas! Daqui você não sai. Quer sair, dar uma volta, você até pode. Mas não vai levar suas coisas.
Começou parabenizando o evento, relembrando algumas metas do governo para o próximo ano.
-Eu sempre te dei tudo, sempre fiz de tudo por você. Não admito que você vá assim e me deixe aqui.
-Grande merda. Você é um bosta. Sai da minha frente! Tira a mão de mim! Tira essa mão de mim!
Respondeu uma pergunta sobre a unanimidade do seu nome para a sucessão presidencial. Negou, disse não haver interesse. Relembrou o fim do prazo para candidatura se aproximando, a falta de tempo hábil, mesmo que quisesse. Reafirmou sua vontade de apenas colaborar com planejamento e gestão. Realmente não tinha grandes pretensões. Quem analisasse sua trajetória perceberia que sua ascensão se dava muito mais por competência e mérito que por ambição. Na verdade esta lhe faltava, diriam opositores.
-Se você encostar de novo em mim eu faço um escândalo. Chamo a polícia! Coloco seu nome nas primeiras páginas. Sai da minha frente que eu vou pegar minhas coisas nesta gaveta.
Recebeu o prêmio ofertado: a placa ele guardaria de recordação enquanto a importância em dinheiro já estava secreta e automaticamente destinada a um hospital infantil. Mas, até então, ele nunca teve filhos. No caminho para casa – sempre de ônibus, pois não achava correto gastar dinheiro com carro oficial nem motorista – parou para comprar o jantar, ligou para a esposa, consultou sua preferência, de quebra comprou-lhe flores.
-Você não chama a polícia nem sai dessa casa. Agora cala essa boca e me escuta!
-Não há nada que você diga que me convença do contrário, eu vou embora! Nosso casamento já estava na corda-bamba. Você não me dá atenção há anos e eu achava que o problema era comigo - um tapa calou e a jogou de costas na cama.
Saindo para a premiação, na porta de casa, a surpresa: um caso de uma noite, estava ali, com uma criança de poucos anos, esperando para exigir seus direitos. O segredo veio lhe puxar o pé.

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