Google+ O Riso e o Siso: Eu não acredito no google

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Eu não acredito no google



A partir de dezembro, toda quinta-feira publicaremos um texto de um convidado...




Por Necésio Pereira

Antigamente, não muito antigamente, eu praticava algo muito interessante, chamava dialogo, uma espécie de método dialético instintivo.
Era assim:
Eu tinha uma dúvida sobre algo, qualquer coisa, então perguntava para alguém.
Essa pratica sempre rendia um bom fruto: eu conhecia pessoas.
Eu sentia que minha ignorância sobre um assunto era uma espécie de porta aberta para fazer amigos.
Quanto mais ignorava um assunto maior a necessidade de conhecer pessoas e conversar. Claro que dependendo do assunto, ficava sem graça de perguntar, mas era algo bobo, nada que me paralisasse diante de outro ser humano, afinal, como aprender algo sem ser pela troca amistosa de palavras, ideias ou impressões?
Bons tempos aqueles.
Sofro desse saudosismo, não sou velho, estou na casa dos trinta, sou bonito, inteligente e solteiro (contatos pelo blog – dispenso mulheres emocionalmente dominadas pela TPM).
Sinto saudades de perguntar a opinião de alguém sobre o tempo no final de semana, sobre qual o melhor caminho pra chegar à algum lugar, sobre o que significa essa ou aquela palavra, sobre qual é o dia do aniversário de alguém, o nome daquele autor, daquele livro...
Algumas vezes não estava nem um pouco interessado na resposta e sim na pessoa que me respondia. Era um jeito maravilhoso de fazer amigos e influenciar pessoas!
Hoje tudo esta diferente. Hoje se você tem alguma dúvida, sobre qualquer coisa, é simples: Google!
Acabou o espaço para o “eu acho que é...”, “na minha opinião...”, “Eu ouvi falar que...”
Hoje quando tenho uma duvida sobre alguma coisa, tenho vergonha de perguntar para o colega na baia ao lado no escritório, não é vergonha de ser ignorante, isso eu sou mesmo, tenho até certo orgulho da minha ignorância, só minha, mantida por anos de alienação e por um regime de vida bicho grilo que me impus desde a adolescência.
O que me deixa envergonhado é o olhar que o outro me lança, uma cara de intolerância, nessa hora me compadeço das minorias que sofrem preconceito, pior que preto viado é gente que não procura no google.
O preconceito é terrível, os danos psicológicos são irreversíveis, hoje, hoje mesmo, no dia de hoje eu não pergunto mais nada pra ninguém sem antes consultar o google e como no google tem todas as respostas, não pergunto mais nada pra ninguém.
E já que só consigo começar uma conversa perguntando algo sobre alguma coisa o resultado é só um: isolamento.
Mas não pense o leitor que sou do tipo que sofre calado. Não! Enquanto tiver voz denuncio o preconceito. Nem que para isso seja preciso me tornar um Martin Luther King dos excluídos da era digital.

Usarei a arma dos preconceituosos, sim vou a partir de agora escrever para um blog e quando alguém digitar por “Eu não acredito no Google” no google, lá estará minha voz, minha luta!
E sei que não estou só, comigo esta o pessoal da terceira idade que cata milho no teclado, os camponeses analfabetos, os cubanos, os chineses, os fetos e os espíritos de todos aqueles que morreram antes da invenção do pc.

É preciso dar um basta nesse preconceito!

E saibam que nós descrentes do deus google, vamos um dia tirar da cara do fdp que trabalha na mesa aqui do meu lado, esse sorrisinho prepotente de quem acha que sabe de tudo porque usa um site de busca!

Agora, vou voltar ao trabalho, ganhar muito dinheiro e quando for milionário vou contratar um exercito de hackers e ai....não existirá um único site confiável e as pessoas, todas elas, menos o babaca da mesa ao lado que será morto com extrema violência por mim, serão obrigados a conversar e assumir que são ignorantes, tanto quanto eu.

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