Google+ O Riso e o Siso: Sobre Lobos e Camparis - parte III

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sobre Lobos e Camparis - parte III

igual ao bruce lee
Depois de discutirem sobre ser ou não ser coroinha, pagar ou não pagar as contas, sentir ou não culpa, a dupla resolveu se separar. "Cada um para um lado e não se fala mais nisso". Um seguiria sua vida de aspirante a fora-da-lei, e o outro nunca seria, jamais seria... O fato é que um voltou pra casa e o outro caçou encrenca.
Estava "encerando a pista" com sua mini-yamaha, formando filas de carros atrás dele feito um funeral, intoxicando pessoas e animais por onde passava, com a assinatura do motor dois tempos, quando se deparou com uma kombi no acostamento. Cerca de oito moças estavam ao lado da kombi com cara de tédio, e esse anti-herói resolveu sacanea-las: "Essas meninas são quase crianças, vai ser moleza dar um golpe. Vamos ver se elas têm algo de valor".
Encostou logo à frente, veio andando firme, inflado, quase um baiacu, pra mostrar poder.
-Boa tarde, meninas! O que está acontecendo? Precisam de ajuda?
"Não tem um adulto", pensou. "Fácil, fácil eu passo a perna nessas meninas".
Elas foram se aproximando, medindo-o de cima a baixo e cercando. Logo explicaram que vinham de um internato, colégio só de meninas, tinham entre dezessete e dezoito anos, saiam de excursão e a porcaria do carro quebrou. A professora foi buscar ajuda e deixou a aluna mais velha tomando conta das outras.
-Certo, vamos ver se posso ajudar.
Passou olhando pelas janelas da kombi, se achava algo valioso, fingindo ir consertar o motor. Tentava disfarçar para que não percebessem. Arrumou uma desculpa para olhar dentro do carro. As meninas o seguiam com os olhos. Ele ensaiava uma rota de fuga enquanto percebia carteiras, bolsas e câmeras sobre os bancos. Qualquer passo em falso e o clima ia esquentar. A possibilidade de um pouco de ação finalmente estava ali. A adrenalina jorrava nas veias.
Mas repentinamente, percebeu a vigilância das meninas muito próxima. Elas o rodeavam e se aproximavam lentamente. Elas perceberam! Agora o pau ia comer feio! Eram meninas, mas eram oito contra um.
Ele estava tenso, coração acelerado, pupilas dilatadas, o perigo iminente o estimulava. Era assim que um fora-da-lei se sentia no momento de ação?
Rapidamente uma das meninas avançou sobre seu pescoço - jogo sujo! Isso é briga de mulher. Elas mordem, arranham e puxam cabelos... Traiçoeiras... - ele a repeliu com uma cotovelada certeira na testa e já sentia outra o agarrando pela lapela, outra pelo pescoço, outra pelos cabelos. Num giro digno de Jackie Chan, soltou-se das ameaças, aplicou-lhes rasteiras, socos e pontapés. Ia derrubando uma a uma no acostamento da rodovia, estampando-lhes hematomas pela cara e arrancando gemidos terríveis de dor.
De tão violenta a reação das moças, o rapaz saiu pulando os corpos caídos, montou na moto e fugiu acelerando ao máximo sem nem olhar para trás... acabou deixando os pertences intocados dentro da kombi e, pior, derrubou a carteira durante a luta.
Só recobrou a consciência quando já estava em frente à casa do ex-companheiro. Assustado, tremendo, desceu da moto entrou na casa e contou que havia lutado brava e heroicamente contra assassinas frias e cruéis. Foi quando o ex-parceiro perguntou:
-Tá, mas e essa marca de beijo na sua gola?
Marca de beijo? Certeza? Não era mordida? Então quer dizer que elas não estavam lutando, elas queriam... potaqueparéu!

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