Google+ O Riso e o Siso: Ah, a fragmentação humana...!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ah, a fragmentação humana...!

pensador
Carlos Biaggioli 

Mais uma Quinta de convidados com Carlos Biaggioli. Em breve, plublicaremos seus textos em coluna própria, aos sábados. Acompanhem!

Por Dr. Delfino Anfilófio Petrúcio *
(Palhaço para-guru-filosofático de Quinta Categoria, PhD em Charme, Beleza, Elegância e Gostosura, formado pela Universidade de Modéstia, com pós-especialização em Coisíssima-Nenhuma-e-Algo-Mais)
Ora, por favor, tenham modos!!!!
Meu prestimoso editor quase me mandou para o olho da rua (mas na condição de ramela) por conta tantos e tantos emails desesperados. Não façam isso, desperta a inveja! E vocês sabem muito bem de que matéria-prima a inveja é feita, não sabem? Tudo bem, moscas adoram e também são criaturinhas de Deus... mas isso não vem ao caso!
Como é que vocês pretendiam que meu editor me localizasse nas plagas de Plutão, me digam! Então, contenham-se, queridos e tresloucados fãs, contenham-se... e regozijem-se: estou de volta!
Ir a Plutão e voltar até que foi a parte mais tranquila, viu! O complicado foi chegar em meu consultório e acalmar Dona Bherta. Toda vez que me afasto por um tempo maior do que o habitual, minha secretária (fiel escudeira), resolve – assim mesmo, sem mais nem menos, sem eira nem beira, sem lenço nem documento, sem eva nem adão – TOMAR O MEU LUGAR. Diz que faz isso "pro meu bem, já que os meus pacientes poderiam descobrir minha patética inutilidade e, enfim, tomar o rumo das suas roças", vejam só! E dessa vez não foi diferente...
Faz um tempo que, nas minhas horas vagas, sei lá, até a título de espairecer um pouco, arejar as ideias e mexer os miolos em direções diferentes, eu venho desenvolvendo um pequeno artefato, invento sem maiores pretensões, meramente para entretenimento: o Aparelho Infratômico de Frequência Capsulo-Quântica Longetudinal Esquerdo-Central. Ou seja: uma modesta máquina do Tempo.
Bobagenzinha... no entanto, bem útil para o meu trabalho, viu! Pois, imaginem vocês, por essas e outras, até consegui promover alguns reajustes importantes. Querem um bom exemplo?
Eu trouxe Moisés e aquele Faraó pra dar-lhes um bom puxão de orelha pela sujeirada que, naquele pecapacapá, egípcios e hebreus acabaram deixando debaixo do Mar Vermelho. Onde já se viu? Tudo bem que eles tenham tido, lá, os seus perrengues... mas, cá entre nós, ninguém me tira da cabeça que foi esse desrespeito todo que deixou aquele Mar vermelho de raiva, viu... Ambos argumentaram que as pazes estavam fora de cogitação, pois toda a história do Ocidente teria rumos incalculáveis. Concordei, mas consegui, pelo menos, que, ao retornarem, deixassem pré-organizada uma equipe bilateral de rescaldo daquela bagunça toda.
Pois bem, ao voltar de Plutão, deparei-me com Dona Bherta em estado pré-histérico.
Sei lá como foi que conseguiu – mas também já desisti de compreender isso, em se tratando dessa mulher –, ela estava com ninguém mais, ninguém menos que a própria Eva, em prantos, deitada em meu divã. Confesso que apreciei e, mesmo que sem um diagnóstico mais aprofundado, até compreendi os meandros psicológicos da Serpente... aquela sa-fa-di-nha!
– Mas que diabos está acontecendo aqui, dona Bherta!?
– Ora, doutor. Ainda bem. Estamos com um problema aqui...
– Sim, estou vendo. Pelo jeito, a senhora resolveu mexer de novo na minha máquina do te...
– Isso não é problema nenhum, criatura de Deus! – cortou ela, com as mãos na cintura, atitude que tinha o poder de me calar, pois lembrava-me as surras de mamã. – Ára! O problema é essa coitadinha aí... Tá em maus lençóis!
– Muito prazer, dona Eva, eu sou...
– Que bom que o senhor sabe quem o senhor é! – e caiu num choro convulsivo, amparada por dona Bherta, que, constrangida, tentava ajeitar sem sucesso a folhinha de parreira na... na... bem, ali.
– É a consciência, doutor! A bendita da maldita consciência... Ô, parto difícil, esse! – comentou a secretária, visivelmente comovida.
– Mas qual, afinal de contas, é o problema da senhora? Culpa?
Nesse momento, constatei que, em boca fechada, não entra mosquito. Ambas desferiram a queima-roupa, bem no meu terceiro-olho, uma expressão da mais alta indignação que já pude testemunhar nessa minha agraciada vida. Percebi que tinha perdido outra boa oportunidade de não dizer algo que, de fato, não deveria ter dito...
– Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, tá!!! Ah, tá, sim, senhor! Machista, porco chovinista! – gente! A quantas décadas não ouvia esse termo?! Deu até saudade... as passeatas feministas... a revolução... enfim. Foco! – Cansei, doutor. Quem comeu a maçã não foi eu, foi o Dan! Ok?! Combinado?!
– Sim, sim, mas...
– Nem mas nem meio-mas, meu querido! – bradou ela, levantando-se (e fazendo despencar glamourosamente a folha de parreira!) com o dedo em riste na direção do meu sacro-nariz-vermelho – Foi EU quem mordeu a maçã? ALGUÉM, por acaso, apresentou uma provinha que fosse, a menor, a mais pífia (mulheres que falam bem o idioma! Ahhhh...), de que tenha sido EU a articuladora junto à Serpente. Aliás, ela bem que poderia estar aqui, viu... Que eu tenho poucas-e-boas pra dizer praquela dis-si-mu-la-da! E muito mais, fique sabendo, muito mais pra dizer praquele Ba-na-na!
– Isso, amiga! Solta a franga e liberta a periquita!
– DONA BHERTA!!!!
– Chega de opressão, doutor! E fique o senhor sabendo que, a partir de hoje, não sou mais sua secretária...
– Mas...
– Sou sua colega de trabalho! Co-gurua!
– Conversamos sobre isso mais tarde. Dona Eva, a máquina não pode mantê-la por muito tempo em nosso tempo. Então, pode me dizer qual é o seu problema, por favor?
– Sim! Que história é essa de “eu ser a costela” do Dan?
– Tem razão, amiga! – atalhou minha colega de trabalho – É assim que os homens nos veem: fragmentadas! Por partes... feito o Jack, o Estripador!
– Quem?! – perguntou a Primeira Dama, aturdida.
– Isso não importa, agora. Escute bem, dona Eva, eu quero deixar claro que...
– Quem vai deixar claro aqui sou eu. E é agora!
– Vai, amiga. Arrasa!
– Olha bem pra isso tudo aqui, doutor... e me diz: tenho cara de costela?
Infelizmente, a máquina levou-a de volta, para o Eden. Menos mal, não é? Já pensaram como o mundo estaria hoje se ela tivesse levado a minha resposta
* Dr. Delfino é o alter-ego de Carlos Biaggioli (biaggiolic@yahoo.com.br)

2 comentários:

  1. Olá, Américo! Gostaria que você seguisse meu blog: www.opassarodassombras.com.br. Agora todas as poesias da Torre Mágica serão publicadas nele! Um forte abraço! Assinado: Pássaro das Sombras

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    1. Oi, vou visitar, sim! Não sabia que tinha trocado de endereço!

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