Google+ O Riso e o Siso: Troca de empregos

terça-feira, 26 de março de 2013

Troca de empregos

Todo mundo assistindo, o trabalho parece mais fácil.
Todo mundo sabe que quase sempre, numa roda de funcionários públicos, um ou dois trabalham enquanto o resto divaga sobre questões alheias... Ainda mais quando um é concursado e o resto é indicação de vereador. Na minha infância era comum ver o caminhão do Departamento de Água e Esgoto parado, meia-dúzia de funcionários observando, e um ou dois infelizes batendo a pá no fundo do buraco.

Dizem que a história a seguir é verdadeira, mas eu não testemunhei.

Reza a lenda que numa cidade do interior, há algumas décadas, um prefeito caxias já lá pela casa dos sessenta, daqueles que já não se fabrica mais, cuidava da prefeitura como se fosse sua empresa. E não digo isso como crítica, porque a empresa do cara prosperou muito, nem uso de segundas intenções acusando-o de nada, porque nunca ouvi dizer que ele era desonesto. Na verdade era o exato oposto de desonesto. O cara tinha a sinceridade como defeito. Ainda mais no ramo da política onde impera a "inverdade".
O caso é que ele cuidava da prefeitura como se fosse sua empresa. Vigiava e punia como sua empresa. Zelava pelos prazos e salários como sua empresa, sempre dizendo: "não é lavagem, não é ração, não é vitamina, é o olho do dono que engorda o porco".
Pois era assim mesmo que ele procedia. Viam-no sair às 6h da manhã de sua casa e mapeava todos os pontos carentes de obras, bem como os pontos em que estas estavam sendo executadas para entrar na prefeitura mandando brasa no ofício.
Um dia, logo pela manhã, durante essa rotineira patrulha, encontrou um grupo de trabalhadores num canteiro central, em uma das avenidas. Passou com o carro na ida. Voltou. Passou de novo. Observava bem o rosto de cada um, bem como a postura desleixada, enxadas e rastelos largados em um canto enquanto papeavam sentados em tocos de madeira. Esperou dar oito horas, oito e meia, nove horas e ninguém se movia. Nenhum deles demonstrava constrangimento pelo descaso com o serviço. Isso era demais!
O velho passou, encostou o carro e já foi logo sentenciando:
-Vocês todos aí, quero todo mundo no meu gabinete, lá na prefeitura, hoje às 11h.
Entre espantados e incrédulos eles se entreolharam e assentiram com a cabeça. Ninguém teve a audácia de dar um piu.
Na hora marcada, todos apareceram, aguardaram ser anunciados e entraram na sala do alcaide.
-Vocês todos não trabalham direito! Ficam enrolando na hora do serviço! É um desperdício de dinheiro público! Isso é um crime! É um crime! Eu passei, voltei, olhei, esperei. Ninguém se mexia, ninguém trabalhava. Acham que estão enganando a quem? Estão todos na rua! Demitidos! Podem ir embora...
-Mas "dotô" a gente não trabalha pro senhô!
-Como assim? Que história é essa?
-A gente é funcionário do Abdalla...
-E o que estão fazendo aqui, que não estão trabalhando? Vou ligar pra ele já...
-Ué, você chamou! A gente pensou que ia nos dar emprego na prefeitura...
-E eu vou dar emprego pra gente que só sabe bater papo? Fora daqui! Voltem já para o seu trabalho!

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