O homem entrou algemado na sala
de interrogações. Com as mãos para trás foi posto numa cadeira de uma mesinha
no centro. Sobre a mesa pendia uma luminária que focava a luz apenas para
baixo, deixando todo o resto da sala na obscuridade. Não se via, mas
percebia-se que havia mais gente em pé em volta da mesa preenchendo as sombras
nos cantos da sala.
O delegado entrou, pisando firme,
arregaçando as mangas, era enorme, só se via sua linha de cintura, mas ele
bufava.
-É esse o vagabundo?
-Sim, senhor – disse uma voz num
dos cantos escuros.
-Como é seu nome? – o delegado se
apoiava sobre a mesa para intimidar o interrogado com seu tamanho.
-Jaques, senhor.
-Jaques? O delegado gritou –
Jaques de quê? Um cabecinha chata com um nome francês? Tu é viado, Jaques?
-Não, senhor. Em Pernambuco teve
colonização francesa.
Um tapa calou-lhe a boca.
-Seu cabecinha-chata de merda,
acha que vai me dar aula de história agora? Tu é viado, Jaques, todo mundo sabe!
Tu é viado!
-Sim, senhor.
-Diz qual foi seu crime, Jaques?
-Nenhum, senhor, só vim dar
queixa na delegacia e me prenderam.
Outro tapa interrompeu a frase.
-Jaques, Jaques, Jaques! Acha que
meus homens iriam te prender a troco de nada, Jaques? Você tem cara de
criminoso, Jaques. Todo mundo sabe, você é criminoso, Jaques! Jaques, você é
criminoso?
-Sim, senhor.
-O que você fez, Jaques?
-Na verdade eu sou professor, fui
agredido por um aluno...
-Professor, Jaques? Você é
professor? Que professor que nada, seu merda! Você não é professor coisíssima
nenhuma! Você tá vendo escrito “idiota” na minha testa, tá? Você tá lendo
“imbecil”? “Estúpido”?
-Não, senhor!
-Pois é, Jaques. Todo mundo sabe
que você é um analfabeto...
Nesse momento, um risinho no
escuro interrompeu o interrogatório...
to be continued?
ResponderExcluirsim quero saber o resto rsrsrsr
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